Escrito por: Cynthia Costa – Jornal O Hoje
Com mais de dez dias sem chuvas mais intensas (somente pancadas isoladas), o Estado de Goiás vive um dos mais longos veranicos de sua história. O fenômeno é caracterizado por um período de seca dentro do verão, justamente a estação mais chuvosa no Brasil. Para piorar, a meteorologia prevê que o calor irá continuar e chuvas contínuas no Estado, só semana que vem.
Segundo a meteorologista da empresa Climatempo, Bianca Lobo, a partir de três dias de período seco dentro da estação chuvosa pode se considerar como veranico. Ela explica que as chuvas são comuns neste período do ano e não há registro de altas temperaturas nesta época. “Goiás está vivendo uma situação atípica, com muito sol e pouca chuva”, explica a especialista.
Bianca afirma que Goiás é dividido, aproximadamente, em quatro regiões: sul, norte, oeste (próxima do Mato Grosso) e leste (próxima de Minas Gerais). E que as mais afetadas pela falta de chuvas são as regiões sul e leste. “No norte de Goiás ainda há pancadas de chuvas, mas, no sul e no leste, a seca está intensa”, revela. De acordo com a meteorologista, o Sistema de Alta Pressão que atua em parte de Goiás nos últimos dias poderá perder força a partir da próxima semana. “Com isso, a umidade pode aumentar e pode chover nessas regiões que são as mais afetadas”.
Sem chuvas
A especialista revela que, de maneira geral, em Goiás já são entre 10 e 15 dias sem chuvas em quantidades significativas. “E a temperatura média dos últimos dez dias tem girado entre 30 e 32 graus, com pico de até 36 graus no oeste de Goiás”. Ela explica que há uma anomalia da temperatura máxima, em torno de 3 a 4 graus positivos, nos últimos 30 anos. “A seca está ocorrendo porque a Alta Semi Permanente do Atlântico Sul, Asas, se intensificou muito nesse período do ano”. O que, conforme Bianca, não é comum acontecer nessa época, mas avança principalmente nos meses de inverno. “Neste ano, a anomalia intensificou, avançou e está dificultando a formação de nuvens sobre grande parte do Estado goiano”.
Bianca disse que há uma expectativa de que na próxima semana haja um enfraquecimento dessa anomalia e o retorno das chuvas. “Com a formação de mais nuvens, as temperaturas estarão mais próximas do normal”.
Implicação
A principal cultura do verão em Goiás, a soja pode ser afetada pela seca. Principal produto agrícola do Estado, os produtores já estimam perdas que alcançam a cifra de 15%. “Foram dois meses bons de chuva para Goiás, mas houve uma queda na quantidade de água, o que vai trazer consequências na colheita”, explica o consultor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Cristiano Palavro.