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CASO VALÉRIO LUIZ: RÉUS SÃO INTERROGADOS E NEGAM QUALQUER ENVOLVIMENTO NA MORTE DO RADIALISTA

Maurício Sampaio negou ser o mandante do assassinato e disse que sempre foi injustiçado. Foto: Reprodução

Terminou por volta das 23 horas desta terça-feira (8), no auditório do Tribunal de Justiça de Goiás, o interrogatório dos cinco acusados de envolvimento na morte do radialista Valério Luiz.  Ademá Figueiredo, Djalma Gomes da Silva, Urbano Malta, Maurício Sampaio e Marcus Vinicius Pereira negaram qualquer tipo de envolvimento no assassinato, ocorrido no dia 5 de junho de 2012, nas imediações da rádio onde a vítima trabalhava, no Setor Bueno, em Goiânia (GO).

Os trabalhos desta terça-feira, segundo dia do julgamento, contaram, no período matutino, com a oitiva de testemunhas arroladas pela defesa. As testemunhas de acusação foram ouvidas na segunda-feira (7). Após o almoço, por volta das 14 horas, teve início hoje o interrogatório dos réus.

Nesta quarta-feira (10), devem ocorrer os debates entre os membros do Ministério Público e a defesa. Valério Luiz Filho, assistente de acusação no caso da morte do pai, afirmou que deve participar do debates. Ele afirmou ao Rota Jurídica que está otimista com o andamento do julgamento e diz acreditar que os acusados serão condenados.

Interrogatórios

O primeiro dos réus a ser interrogado nesta terça-feira foi o 2º sargento da Policia Militar Ademá Figueiredo, apontado como sendo o autor dos disparos que mataram o radialista.  Segundo a denúncia do Ministério Público, ele teria sido contratado por Urbano para cometer o assassinato a mando de Maurício Sampaio.

No entanto, durante o depoimento, ele negou conhecer Valério Luiz. Também assegurou que nunca teve qualquer tipo de vínculo empregatício com Maurício Sampaio, de quem a denúncia aponta que ele era segurança. A motivação do crime seriam a críticas contundentes da vítima aos dirigentes do Atlético Clube Goianiense, de quem, na época, Sampaio era vice-presidente.

Mas Ademá admitiu que conhecia superficialmente Maurício Sampaio por meio de Joel Datena, uma das testemunhas de defesa ouvidas, para quem fazia segurança, e também Djalma da Silva e Urbano. Mas negou conhecer Marcus Vinícius, acusado de fornecer um motocicleta, um capacete e uma camiseta para viabilizar o crime. “Com mais de 30 anos na Polícia não precisaria dessa logística de capacete, moto, de ladrão pé rapado”, afirmou, admitindo que já respondeu por vários outros processos por homícidio. “Mas todos cometidos contra bandidos em confronto”, frisou.

Marcos Vinícius prestou depoimento por videoconferência pois mora atualmente em Portugal. Foto: Reprodução

Segundo depoimento 

Djalma relatou que trabalhava com Ademá fazendo a segurança de Joel Datena e que acabou conhecendo Maurício Sampaio por meio do jornalista, quando o acompanhava em jogos de futebol. Já Marcos Vinícius ele afirmou conhecer quando começou a frequentar um açougue em que este trabalhava.

Apesar de admitir que conhecia os demais acusados de envolvimento no caso, Djalma alegou que estava em diligência em Leopoldo de Bulhões quando o assassinato foi cometido. A viagem do amigo para o interior foi mencionada por Urbano, que foi ouvido logo a seguir. Ele contou que conhecia os três corréus, exceto Marcos Vinícius.

Urbano, que tinha uma parceria com Maurício Sampaio em caminhões para transporte de areia, morava em um imóvel do ex-dirigente do Atlético localizado nas imediações do local do crime. Ele relatou que estava cuidando de galinhas quando ouviu disparos seguidos de gritos, o que o levaram a sair para rua para verificar o que tinha acontecido. Foi ele quem contou a Maurício Sampaio que Valério Luiz foi assassinado.

Busco justiça, diz Sampaio

Maurício Sampaio foi o quarto a ser interrogado e também negou ser o mandante do assassinato. “Busco justiça desde o primeiro momento em que fui acusado. Esses 10 anos têm sido um massacre a mim e a minha família, sem chances de provar a minha inocência”, disse logo após negar que Ademá e Djalma fossem seus seguranças durante os jogos do Atlético.

O réu reconheceu algumas desavenças com Valério Luiz, inclusive a existência de um Termo Circunstanciado de Ocorrência que foi lavrado contra o radialista e uma carta que o proibia de entrar nas instalações do Atlético.  Mas disse que “jamais participaria de qualquer crime na minha vida. Não tenho responsabilidade nessa história. Fui de um dirigentes de futebol para um assassino”.

Depoimento por videoconferência

O último interrogatório ocorreu de forma on-line. Marcos Vinicius também alegou inocência. Ele disse que assim que foi preso, foi torturado na polícia para confessar participação no caso e orientado a indicar os demais corréus como tendo participação no caso. “Me bateram até eu não aguentar mais, por isso confessei”, disse.

Questionado pelo juiz Lourival Machado, da 2ª Vara Criminal dos Crimes Dolosos contra a Vida e Tribunal do Júri de Goiânia, que preside o julgamento, sobre os motivos que o levaram a rever seu depoimento prestado também em juízo, ele afirmou que sempre foi coagido para assumir participação no caso.

Interrogatório virtual questionado

Antes de iniciar o interrogatório virtual, os advogados dos réus presentes à sessão Thales José Jaime e Ricardo Naves pediram para que Marcos Vinícius, defendido pelo criminalista Rogério Rodrigues, não fosse ouvido. A alegação é que essa modalidade de interrogatório a distância deveria ser permitida apenas durante da pandemia da Covid-19.

Para os advogados, Marcos Vinícius deveria ser ouvido por Carta Rogatória, por agentes da Justiça de Portugal. Os argumentos, no entanto, foram refutados pelos membros do MP e pelo juiz. Os representantes do Ministério Público inclusive alegaram que o pedido para não ouvir o quinto réu seria uma manobra para viabilizar novos recursos em instâncias superiores.


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Publicado por: Badiinho Moisés/Texto – Rota Jurídica 

Badiinho Filho
Badiinho Filho
Blogueiro há 15 anos, proprietário da empresa Badiinho Publicidades, e também repórter de rádio e televisão na emissora Cultura FM 101,1, em Catalão-GO.

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