Doze anos após o desaparecimento da adolescente Priscila Brenda, o caso que chocou a cidade de Catalão ganha um novo capítulo. O Tribunal do Júri de Catalão-GO julgará nesta quinta-feira (6) Paulo Vítor, último acusado de envolvimento no crime. A anulação do julgamento anterior, no qual o tribunal condenou o réu a 18 anos de prisão, levou a essa nova sessão.
O caso
Priscila Brenda desapareceu no dia 11 de dezembro de 2012, aos 14 anos, depois que testemunhas a viram entrando em um carro com dois homens, um deles seu suposto namorado. Desde então, ninguém sabe seu paradeiro e as autoridades ainda não encontraram seu corpo. A polícia prendeu os dois suspeitos em 2013, mas os soltou quatro meses depois. Em 2023, o Tribunal do Júri absolveu um dos envolvidos.
Agora, o novo julgamento de Paulo Vítor acontece porque uma jurada postou uma mensagem antes do júri, sugerindo parcialidade na decisão. O advogado Gabriel Álvares, assistente de acusação, destacou que a família espera que a justiça aconteça desta vez.
Acusação reforça indícios contra o acusado
O advogado Gabriel Álvares sustenta que as provas coletadas ao longo dos anos demonstram a participação de Paulo Vítor e do outro suspeito no desaparecimento da adolescente. “Os registros dos celulares mostram que os envolvidos estavam juntos no último momento em que Priscila foi vista. Além disso, ele mandou lavar o carro na manhã seguinte, apesar de estar limpo, o que gerou estranhamento”, afirmou.
Gabriel também refutou a tese da defesa, que questiona a ausência do corpo. “O direito brasileiro permite condenação mesmo sem o corpo, desde que a autoria e a materialidade do crime fiquem comprovadas”, pontuou. Para ele, o conjunto de provas, incluindo testemunhos e perícias, confirma a culpa do acusado.
A acusação busca que o júri condene Paulo Vítor por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Se considerado culpado, ele pode pegar até 40 anos de prisão.
Defesa alega falta de provas e levanta hipóteses alternativas
Por outro lado, a defesa de Paulo Vítor, representada pelo advogado Leandro de Paula, afirma que não existem provas concretas contra o acusado. “As três testemunhas que estavam no carro com Priscila afirmaram em juízo que ela desceu do veículo antes de Paulo Vítor deixar a cidade. Além disso, testemunhas confirmaram que ele estava em um bar naquela noite, o que impossibilita sua participação no crime”, declarou.
A defesa também questiona a credibilidade de uma testemunha-chave. “A perícia mostrou que a testemunha não teria visibilidade para afirmar que viu Priscila entrando no carro de Paulo Vítor, pois a árvore obstruía a janela de onde ela supostamente observou a cena”, argumentou Leandro.
Outro ponto levantado pela defesa envolve um suposto acesso ao Facebook de Priscila Brenda após seu desaparecimento. “Os registros indicam logins feitos em Brasília e Caldas Novas. Isso abre margem para outras hipóteses, como um possível tráfico humano”, destacou o advogado.
Expectativa para o novo julgamento
O novo julgamento promete ser decisivo para o desfecho do caso, que ainda permanece sem respostas definitivas. A família de Priscila Brenda espera por justiça, enquanto a defesa do acusado busca sua absolvição.
O Tribunal do Júri de Catalão iniciará a sessão às 8h30 desta quinta-feira (6). O resultado poderá finalmente definir o destino de um dos casos mais emblemáticos da cidade.