Escrito por: Portal G1
A Polícia Civil indiciou nessa sexta-feira (21) a falsa biomédica Raquel Policena Rosa, de 27 anos, e o namorado dela, o professor de idiomas Fábio Justiniano Ribeiro, de 33 anos, pela morte da auxiliar de leilões Maria José Brandão, de 39, após aplicações para aumento do bumbum. O processo, concluído nesta manhã, aponta que o casal cometeu os crimes de homicídio doloso com dolo eventual (quando se assume o risco de matar), exercício ilegal da profissão, lesão corporal e distribuição de produtos farmacêuticos sem procedência. Mesmo sem a conclusão dos laudos periciais e do Instituto Médico Legal (IML), o documento já foi encaminhado para o Poder Judiciário.
Segundo a delegada responsável pelo caso, Myrian Vidal, embora os laudos que comprovem a causa da morte da ajudante de leilões não tenham ficado prontos ainda, existem “indícios fortes” que comprovam que o óbito de Maria José foi provocado pelo procedimento. “Existem indícios de que a morte da Maria José está ligada à aplicação de hidrogel, que provocou a embolia pulmonar. Diversas outras vítimas da Raquel apresentam os mesmos sintomas relatados pela vítima”, explicou Vidal.
O homicídio foi considerado doloso, pois, segundo a responsável pelo caso, o casal assumiu o risco da morte de Maria José ao não aconselhar que ela procurasse um médico rapidamente ao começar a se sentir mal. Áudios que estavam armazenados no celular da vítima mostram que Raquel garantia que a falta de ar e dores no peio sentidas por Maria José não tinham nenhuma ligação com a aplicação no bumbum.
Defesa
Os advogados que defendem o casal afirmaram que desconheciam a conclusão do inquérito e discordam com o indiciamento feito pela delegada. Para Ricardo Naves, que representa a falsa biomédica, os laudos do IML são substanciais e imprescindíveis para o correto indiciamento de Raquel. Segundo ele, existe um “excesso de acusações”.
“Não vejo dolo em relação à morte de Maria José. Uma acusação mais fidedigna seria a de homicídio culposo e exercício ilegal da profissão. Isso se ficar comprovado que a Maria José morreu devido ao procedimento. Porque se ela morreu em decorrência de outras causas, isso esvazia toda a acusação”, disse Naves.
O defensor de Fábio, Elson Ferreira de Souza, também concorda que seria necessário aguardar os laudos para concluir o inquérito. “É precipitado falar em indiciamento por homicídio até mesmo culposo [quando não há intenção], porque não tem laudos que comprovam que a morte de Maria José está ligada à aplicação da substância no bumbum”, disse o advogado.
Sobre o exercício ilegal da profissão, Souza afirma que seu cliente não tem envolvimento com os procedimentos. “As fotos divulgadas pela imprensa são uma prova de que ele [Fábio] estava presente, mas ele não participou da aplicação. Nas imagens, ele estava no fundo do quarto do hotel”, ressaltou.
Raquel vai responder o processo presa preventivamente. Ela continua no 14º Distrito Policial de Goiânia, onde está desde sua detenção, no último dia 13, em Catalão, no sudeste de Goiás, onde mora. Fábio aguardará em liberdade, pois, segundo a delegada Myrian Vidal, não existem indícios de que ele possa realizar novas aplicações para aumento no bumbum.
Prisão
A delegada Myrian Vidal pediu a prisão preventiva de Raquel, pois testemunhas relataram à polícia de que ela voltaria a fazer as aplicações em suas clientes. “Ouvimos relatos de clientes que disseram que a Raquel prometeu que faria os retoques necessários assim que a ‘poeira baixasse’. Por isso, como forma de proteger a sociedade, pedimos a prisão”, disse.
Ela foi detida em casa e encaminhada ao IML de Catalão, onde passou por exames de corpo de delito. Em seguida, ela foi encaminhada para uma cela no 14º DP.