Para o juiz Eduardo Pio Mascarenhas da Silva, da 1ª Vara Criminal de Goiânia, que determinou, na tarde de ontem, a revogação da prisão preventiva de Raquel Policena Rosa, ela “não representa uma ameaça à ordem pública”. Depois de conseguirem o habeas corpus, os advogados da jovem pretendem, agora, reverter o indiciamento por homicídio com dolo eventual para homicídio culposo. “Foi exatamente isso que ocorreu: imprudência, imperícia. É claro que a Raquel não teve a intenção de matar Maria José nem assumiu risco pela morte dela”, destaca o advogado Ricardo Naves.

Na entrevista ao POPULAR, Raquel Rosa praticamente manteve o que disse em seu segundo depoimento à delegada Myriam Vidal, titular do 17º Distrito Policial (DP), que concluiu e remeteu à Justiça, na última sexta-feira, o inquérito sobre a morte da auxiliar de leilões Maria José Brandão, vítima de embolia pulmonar menos de 24 horas depois de ter se submetido a um procedimento para aumento dos glúteos com a jovem. No caso, ela e o noivo, Fábio Justiniano Ribeiro, foram indiciados por homicídio com dolo eventual (quando se assume o risco de matar), exercício ilegal da Medicina, lesão corporal e distribuição de produtos farmacêuticos adulterados ou sem procedência. O processo foi remetido ao Judiciário sem a conclusão dos laudos periciais e do Instituto Médico Legal (IML).

Segundo Raquel, ela nunca teria se apresentado como biomédica e só realizou as aplicações em cinco mulheres – incluindo Maria José -, além dela mesma. A jovem alega, ainda, que decidiu fazer os procedimentos depois de ter passado por um curso livre de Bioplastia Estética em Mogi Guaçu (SP), durante 15 dias, entre 18 de agosto e 5 de setembro passado – entretanto, uma denúncia anônima foi feita, no dia 10 de julho, à Vigilância Sanitária de Catalão relatando a prática da atividade por ela, em centros de estética locais.

HIDROGEL

“Eu saí do curso em Mogi Guaçu me sentindo capacitada para realizar o procedimento por conta própria. Não teria pago quase R$ 2 mil, além de gasolina e estadia, se fosse para auxiliar algum médico”, declarou Raquel Rosa à reportagem, rebatendo as afirmações do coordenador e instrutor de cursos no Instituto Folha Verde – Escola de Formação de Terapeutas e Centro Aplicado de Estética e Saúde Integral, Carlos Firmino. Sobre o produto, ela também diz ter adquirido em São Paulo, de um vendedor, nas proximidades do local do curso. “Eu comprei hidrogel de poliamida. Foi o que apliquei inclusive em mim”, argumentou.

Quanto à parceria com a carioca Thais Maia da Silva, de 28 anos – citada por testemunhas, ouvida pela polícia na semana passada e que admite ter realizado o procedimento para aumento de glúteos em 20 mulheres goianas -, Raquel afirma que as duas se conheceram pela antiga rede social Orkut, em 2008, quando teria feito uma aplicação de Metacril com a esteticista, cujo resultado gostou. “Tenho fotos com ela em Caldas Novas e em outros locais. Neste ano (2014) ela me procurou dizendo que estava trabalhando com o Aqualift e se ofereceu para aplicar em mim, mas que só compensaria vir para Goiânia se eu tivesse outras clientes para ela. Aí eu juntei um grupo e a coisa virou uma bola de neve.”