Escrito por: Rosana Melo – Jornal O popular
Foto: Reprodução/O popular
A Polícia Civil começou ontem a investigar a fraude no concurso público para agente de segurança prisional realizado no domingo. Mesmo sem dar detalhes de como o crime era cometido, Rômulo Leandro Alves, de 47 anos, foi preso em flagrante no local da prova, uma sala do Câmpus 5 da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), no Jardim Goiás.
Funcionários da Fundação Universa, que realizou o concurso, notaram que Rômulo Leandro estava fraudando o concurso, filmando a prova e acionaram a Polícia Militar. Ao ser convidado a sair da sala de aula e avistar os militares, ele, que seria formado em Administração de Empresas e em outros três cursos superiores, saiu correndo nos corredores da universidade, sendo contido já no portão de acesso e levado ao plantão do 8º Distrito Policial.
Ele seria o piloto, pessoa responsável por fazer a prova e repassar o gabarito para outros candidatos. Rômulo Leandro confessou a fraude e disse que o mentor intelectual do crime é um homem conhecido como Neguinho.
Rômulo Leandro foi preso uma hora e meia depois do início do certame e já havia feito grande parte das questões. “Ele filmava a prova com uma câmera presa aos botões da camisa que usava”, contou o delegado Alexandre Bruno Barros, titular do 8º DP, responsável pela investigação.Segundo o policial, a filmagem era passada para uma central, de onde Neguinho ia mandar o gabarito para os candidatos que compraram o serviço.
Alexandre Barros revelou que o suspeito de fraude só foi preso em flagrante por causa de uma denúncia anônima, provavelmente de um candidato no local da prova e, por causa disso, acredita que o trabalho não tenha sido concluído. “Não acredito que algum candidato tenha tido acesso às informações”, disse.
Associação criminosa
A Polícia Civil tem nomes de algumas pessoas que serão investigadas como suspeitas de participação no crime. “Vamos tentar identificar essas pessoas que seriam beneficiadas e, dependendo do número de suspeitos, todas serão indiciadas por fraude em concurso público e por associação criminosa”, disse.
O delegado estima que cada candidato envolvido na fraude tenha assumido o compromisso de pagar cerca de R$ 50 mil aos criminosos. A estimativa é baseada em uma investigação parecida em curso na polícia de Santa Catarina.
Alexandre Barros não acredita, porém, que Rômulo Leandro tenha chegado a receber alguma quantia em dinheiro de candidatos ao concurso. É que a fiança de R$ 10 mil arbitrada pela delegada Cássia Costa Sertão, plantonista do 8º DP, não foi paga.
Com o preso a polícia apreendeu uma microcâmera, uma bateria e um ponto eletrônico. Na câmera, a filmagem dele entrando no local da prova e participando do concurso, fazendo a prova e de vez em quando, filmando a parte já resolvida.
Ele já havia sido preso antes de 2011 por fraude em um concurso vestibular, mas a Polícia Civil ainda não tinha detalhes dessa outra autuação em flagrante.
“Na época não existia o crime de fraude em concurso público. Ele foi autuado na época por estelionato”, afirmou o delegado. Agora, autuado pelo novo crime, deve ser condenado a pena que varia entre 1 e 4 anos, mais pagamento de multa.
O concurso de agente de segurança prisional da Secretaria de Segurança Pública foi disputado por mais de 10 mil candidatos para as 305 vagas, mais cadastro de reserva, para um salário de R$ 2.847,23. As vagas são para as unidades de Goiânia, Aparecida de Goiânia, Uruaçu, Itaberaí, Rio Verde, Palmeiras de Goiás, Caldas Novas, Formosa e Luziânia.