No dia 6 de março, o treinador chegou em Catalão com a dura missão de tirar o Clube Recreativo e Atlético Catalano da zona de rebaixamento. Muitos davam o time como problema sem solução. Mas, para Hemerson Maria, a causa não estava perdida. Após reformulação da equipe, o treinador, além de tirar o time do rebaixamento, foi para a última rodada do estadual, com chances remotas de classificação para a semifinal. Mesmo sem a classificação, o feito de Hemerson foi bastante valioso. Com o trabalho do treinador, o CRAC superou as equipes do Náutico-PE e do Betim-MG na Copa Brasil e vai encarar o Santos Futebol Clube, na terceira fase do campeonato.
Nosso primeiro objetivo é permanecer na serie “C”
Hemerson Maria, atendendo simpaticamente nosso pedido, esteve na redação do É+ Notícias e Classificados e do Blog do Badiinho para falar mais sobre seu trabalho à frente do Leão do Sul em uma entrevista exclusiva.
O que significa para você este trabalho de sucesso à frente do CRAC?
Significa um avanço muito grande na minha carreira porque eu, como treinador profissional, tenho uma trajetória muito curta. Iniciei o comando técnico do Avaí-SC no ano passado (2012), Vir para Catalão realizar esse trabalho está sendo muito gratificante. Estou muito contente não só com o clube, mas também com a cidade e com os resultados que estamos obtendo. Esperamos elevar cada vez mais o nome do CRAC.
O senhor acredita que a reformulação do elenco foi um dos fatores primordiais para o êxito de seu trabalho?
Quando um time vem tendo sucesso, aparecem muito as figuras do treinador e dos jogadores. Só que estamos obtendo sucesso graças ao trabalho muito grande de toda a comissão técnica, da diretoria e dos jogadores. Alguns desses jogadores foram indicados pelo Benevam. Uma das mudanças radicais que decidimos realizar na equipe foi dar velocidade ao time. Rejuvenescemos a equipe, que ganhou um padrão tático de marcação de agressividade. Hoje, dentro ou fora de casa, procuramos sempre ter a mesma postura de jogo, buscando a vitória e também colocamos na cabeça dos jogadores que uma cidade como Catalão tem que ter um representante a altura não somente no futebol goiano, mas também no futebol nacional. Os jogadores estão hoje muito confiantes e temos capacidade, dentro de nossas limitações, de jogar de igual para igual contra qualquer equipe do futebol brasileiro.
Como vem sendo trabalhado o psicológico dos jogadores para a partida diante do Santos-SP pela terceira fase da Copa do Brasil?
Inicialmente, digo que ficaram vinte equipes e se estamos entre essas vinte equipes é porque temos capacidade. Então, temos que respeitar o Santos, que é um gigante do futebol brasileiro, mas, ao mesmo tempo, temos que colocar em mente que temos condições de vencê-los. Para isso, teremos que fazer uma partida muito concentrada, jogar no nosso limite e entender que não é impossível vencer o Santos. Dentro do que eu estou trabalhando, considero que o Santos tem uma modificação na comissão técnica, com a saída do Murici Ramalho e com o dinheiro da venda do Neymar, o clube deve investir em contratações de outros jogadores. Então, enfrentaremos um Santos, com certeza, mais forte do que ele está hoje.
É de conhecimento de todos que devido ao bom trabalho desempenhado em Catalão o senhor vem sendo sondado por outras equipes. Como fica o futuro profissional de Hemerson Maria?
Realmente eu recebi algumas sondagens, mas eu trabalho sempre em cima de projetos. Os trabalhos que costumo realizar são trabalhos duradouros. Para se ter uma ideia, eu fiquei por dez anos trabalhando no Figueirense-SC. No Avaí, a principio eu fui para trabalhar nas categorias de base e acabei ficando por quase dois anos no comando da equipe. No Red Bull fiquei trabalhando por seis meses. São sempre trabalhos duradouros. Estou tendo uma segurança muito grande e uma grande tranquilidade tendo o respaldo da diretoria e estou contente aqui no Crac. Como você mesmo falou, aqui o trabalho está surtindo resultado e, às vezes, por conta de uma proposta financeira, você acaba jogando tudo para trás. A minha expectativa aqui e o que eu quero hoje é ficar, quero permanecer. Lógico que a gente não sabe o dia de amanhã. Pode surgir alguma proposta irrecusável e interessante, mas hoje não passa pela minha cabeça deixar o CRAC. Eu quero dar sequencia ao trabalho, quero, junto com os jogadores, a diretoria a torcida, fazer um trabalho para que a gente consiga passar pelo Santos na Copa do Brasil. A partir daí, estaremos entre os dezesseis melhores clubes do Brasil, onde entram as equipes que estão na Libertadores da América. Tem também a ambição da população de fazer com que o CRAC consiga o acesso a série “B” do Campeonato Brasileiro. Então, esse é meu principal foco. É lógico que estamos atentos ao mercado, mas estou muito focado no trabalho daqui.
Como o senhor mesmo disse, um dos focos principais do CRAC é o acesso a serie B do futebol brasileiro. O senhor acredita que o CRAC é um candidatos a umas da quatro vagas ?
Hoje não. Temos que ser realista e entender que a nossa equipe não está preparada para ter o acesso ainda, mas temos que trabalhar em cima de metas. O CRAC está muito há tempo sem disputar competições nacionais. Voltou à série “D” no ano passado e está tendo uma participação agora na Copa do Brasil. Nosso primeiro objetivo é permanecer na serie “C”. Como se classificam quatro equipes, permanecemos na briga para a classificação e, aí sim, lá na frente, vamos levantar forças novamente e focar no acesso, mas, inicialmente, nossa briga é para permanecer na serie “C”.
Falando ainda sobre campeonato brasileiro, o time correspondeu ao esperado diante do Betim-MG no dia 1º de junho, uma vez que o calendário tem prejudicado bastante a sequencia de jogos?
A sua pergunta foi bastante interessante até porque as pessoas não entendem muito. Ouve uma quebra de ritmo. A gente vinha disputando o Campeonato Goiano e a Copa do Brasil paralelamente, quando o nível de concentração estava lá em cima e nós chegamos ao ápice no jogo contra o Náutico, em recife. Depois houve a última rodada do goiano, onde a equipe já estava desgastada e existia uma possibilidade remota de classificação. Veio então essa parada de quinze dias sem jogos e isso foi ruim pra gente. Depois disso, nós voltamos a jogar contra o Betim-MG e depois mais quinze dias de intervalo para a estreia no brasileiro. Confesso que é muito ruim porque você acaba não conseguindo dar ritmo aos jogadores. Agora jogamos contra o Barueri-SP e ficaremos um mês parado. Então, não estamos tendo uma sequência de jogos e acredito eu que a equipe vai chegar no seu ápice e voltará a ter um ritmo normal a partir do momento que a gente voltar dessa parada para a Copa das Confederações e termos uma sequência normal de jogos.
Realmente eu recebi algumas sondagens, mas eu trabalho sempre em cima de projetos
O Hemerson Maria, que conquistou os corações da torcida azul e branca, tem espaço aberto para deixar sua mensagem aos torcedores.
O importante agora é darmos sequência ao trabalho porque o calendário do CRAC é um calendário anual, Realizamos um primeiro semestre onde a expectativa do clube era chegar entre os quatro do Campeonato Goiano. Essa fuga do acesso no final deu uma impressão de que o clube não seguiu uma classificação legal, mas o CRAC hoje tem condições de oferece à cidade a realização de ser a terceira ou quarta força do futebol de Goiás. Como tenho conversado com a diretoria e com os jogadores, estamos pensando grande e com os pés no chão. O recado que eu quero deixar para o torcedor é que continuem lotando o Genervino da Fonseca. O CRAC é uma paixão de Catalão. A torcida, que não abandonou o CRAC em um momento de dificuldade, deve continuar nos incentivando agora. Da nossa parte, comissão técnica e jogadores, vamos fazer de tudo pra elevarmos o nome da cidade de Catalão e par que o clube continue dando alegria para o torcedor também.
Por: Badiinho Filho
Entrevista realizada no dia 04 de junho, antes da partida com Grêmio Barueri