Moradores de Ipameri, município no Sudeste de Goiás, contaram o terror de terem sido abordados e feitos reféns durante ação de bandidos na cidade. O grupo arrombou agências bancárias e lojas na madrugada do último dia 7 em ação com tiros e explosivos. A Secretaria de Segurança Pública (SSP-GO) só confirmou um caso, que foi registrado por uma câmera de monitoramento e voltou a defender que o caso não se trata de “novo cangaço”.
“Sonhei a noite inteira com o que aconteceu”, relata o mototaxista Danilo Ribeiro Luiz de Araújo, de 39 anos, que foi feito refém dos bandidos quando ia para o trabalho e viu fumaça saindo da agência da Caixa Econômica Federal (CEF).
Ao parar a alguns metros para ver o que estava acontecendo, foi abordado por dois homens armados com fuzis. “Eles mandaram descer da moto, tirar a blusa de frio e a camisa. Nunca passei por isso, nem assaltado fui”, contou.
Danilo conta que ficou sob a mira das armas por cerca de 1 hora e 15 minutos e viu praticamente quase tudo o que aconteceu. Após a explosão da CEF, o grupo seguiu para a agência dos Correios, depois para a do Banco do Brasil e por último para o Itaú. “Quando eles me abordaram a agência da Caixa já estava danificada e cheia de fumaça. Sempre que eles mudavam de agência, me mandavam na frente para ver se tinha alguma coisa, voltar e contar para eles”, explicou.
Explosão
Já um trabalhador que também foi feito de refém, e prefere não se identificar, conta que foi abordado junto a um colega de trabalho. Ele relata que estava com esse colega quando viu dois veículos pararem na porta de um dos bancos. “Eram dois carros, eles desceram e começaram a disparar. Nós corremos para os fundos do comércio e ficamos esperando eles irem embora”, conta.
Depois de cerca de 40 minutos, três criminosos entraram no comércio e chamaram os trabalhadores para os seguirem. “Nós obedecemos, com muito medo, com preocupação sobre a intenção deles”, lembra. O homem conta, ainda, que os criminosos mandaram que tirassem as camisas e seguissem um para cada esquina, perto do banco. “Fomos para os pontos indicados e ficamos com as mãos para o alto. Estávamos servindo como escudo, caso a Polícia Militar se aproximasse”, relata.
Apesar de toda a apreensão, ele lembra que um dos bandidos tentou tranquilizá-lo dizendo que não havia qualquer intenção de matá-los. “Ele dizia que era para ficar de boa, que nós não iríamos morrer. Era só para obedecer que tudo terminaria bem”, diz. O trabalhador disse que pouco mais de 20 minutos depois de ser colocado na esquina, outro criminoso ordenou que ele se juntasse ao colega, que estava na esquina oposta. “Quando corri, houve a explosão do Itaú. Nessa hora foi um susto enorme”, destaca.
Rotina
Depois de encontrar o colega, percebeu que o grupo se juntou nos carros novamente para fugir. “Foi um alívio ver que estavam indo, que aquele terror estava acabando”, relata. O homem disse que voltou para o comércio, que funciona 24 horas, e continuou o trabalho. “No primeiro momento não parecia real, era meio estranho perceber o que estava acontecendo. Muita gente começou a chegar, a ligar para saber o que havia ocorrido. A partir daí, a cidade estava praticamente toda no local”, conta.
Escrito por: Redação/Fonte: Jornal O Popular
Foto: André Costa