A persistência de Chico Rei, escravo e príncipe liberto da África, em continuar a cultuar sua mamãe do Rosario, mesmo sob reprimendas e castigos, trouxe seus costumes e tradições aos dias de hoje transformando nas Congadas de Catalão, essa principal manifestação religiosa e cultural da região sudeste, do estado de Goiás, e uma das maiores do país.
É aproximar o mês de outubro que toda a cidade de Catalão, em festa, veste-se das cores das Congadas. As ruas, as casas e o povo são acordados, avisados e contagiados com os ritmos rápidos e cheios de cadência das caixas de congo. É o dia das Congadas!.
Neste mês é hora de construir o ranchão; reformar as caixas; bordar os capacetes, casquetes, cocares e chapéus; fazer novos uniformes; ensaiar novas coreografias, pois é o mês de louvar a nossa padroeira. É momento de rezar e de pagar promessas à Virgem do Rosario .
Também é hora de recebermos nossos visitantes, turistas, estudiosos, fotógrafos, escritores e autoridades para comemorarmos mais uma vez uma festa centenária, inicialmente só cantada e festejada pelos escravos, por volta de 1820, para chorarem suas dores de cativo à Mãe do Rosario. Os lamentos, as cores, o ritmo, a fé, a devoção, outrora proibidos pelos senhores dos escravos, aos poucos contagiaram a todos que assistiam suas apresentações.
A festa que era de Negros, hoje é de negros, brancos, mulatos, morenos, amarelos de toda Catalão.
Após muitos anos, muitas lendas, muitos milagres, construções, reformas e modificações, a festa do Rosário tornou se uma das maiores do estado. Festejada nas primeiras semanas do mês de outubro de cada ano. Enchendo as ruas, as casas e a alma de cada devoto de Nossa Senhora do Rosário, com uma aura de paz, fé , devoção e oração. Transformando a cidade em um grande palco Cultural de tradições com as apresentações variadas de cada terno de congo pela cidade a fora.
“Minha Virgem do Rosario
Cantemos vossos louvores
Os anjos cantam no céu
E na terra os dançadores “…
Cantoria das Congadas em Catalão.
Salve o Rosário
O Rosário salve!!!!
O artigo foi escrito por José Francisco da Silva, formado em letras pela UFG, hoje UFCAT, natural de Catalão e apaixonado pela sua terra natal. Pesquisador da história de Catalão, contador de histórias e devorador de livros. Professor concursado na rede municipal, foi assessor geral da Fundação Cultural Maria das Dores campos, primeiro diretor do museu histórico municipal Cornélio Ramos, tutor da secretaria municipal de educação, diretor do CMEI Alba Mathias mesquita e atualmente coordenador e responsável pela sala de leitura da escola municipal Nilda Margon Vaz
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