O Exército russo bombardeou uma escola de arte que abrigava várias centenas de pessoas na cidade de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, disseram autoridades locais neste domingo (20), acrescentando que civis ficaram presos sob os escombros. A informação foi publicada no Portal R7.
“Ontem [sábado], os ocupantes russos lançaram bombas na escola de arte G12 […] onde 400 moradores de Mariupol – mulheres, crianças e idosos – haviam se refugiado”, declarou o município da cidade portuária sitiada.
“Sabemos que o prédio foi destruído e que pessoas pacíficas ainda estão sob os escombros. O número de vítimas está se tornando claro”, acrescentou ele em comunicado pelo Telegram.
Mariupol, uma cidade no sudeste da Ucrânia com população de 450 mil habitantes antes da guerra, está sob bombardeio pesado há várias semanas pelas forças russas e por seus aliados separatistas pró-Rússia.
Neste domingo, o governador da região de Donetsk, Pavlo Kirilenko, também acusou Moscou de “deportar à força mais de mil moradores de Mariupol” que vivem no leste da cidade para a Rússia, sem especificar quando o evento ocorreu.
Segundo ele, as forças russas montaram “campos de filtragem” onde “verificam os telefones” dos moradores de Mariupol antes de “confiscar seus documentos de identidade”. No Facebook, Kirilenko disse que eles então “são enviados para a Rússia”, e acrescentou que “seu destino do outro lado [da fronteira] é desconhecido”.
Essas declarações não puderam ser verificadas imediatamente de forma independente.
Na quinta-feira (17), a Ucrânia acusou Moscou de bombardear um teatro da cidade onde centenas de moradores haviam se refugiado, ignorando o aviso “Diéti” (“Crianças”, em russo) escrito no chão, em letras gigantes, ao lado do prédio. Ainda não há relatório de vítimas.
Segundo o governo ucraniano, mais de 2.100 pessoas foram mortas em Mariupol desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.
Os sobreviventes se refugiam nos porões, sofrendo múltiplas carências. Algumas das famílias que conseguiram fugir disseram ter visto corpos nas ruas por dias.
Infligir “algo assim a uma cidade pacífica […] é um ato de terror que será lembrado ainda no próximo século”, disse o presidente ucraniano Volodmir Zelenski neste sábado (19), denunciando um “crime de guerra”.
A cidade é de importância estratégica, pois sua captura permitiria à Rússia unir suas tropas na Crimeia com as do Donbass (leste) e, ao mesmo tempo, bloquear o acesso ucraniano ao mar de Azov.
Publicado por: Badiinho Moisés