Depois de sair do PSDB, partido que ajudou a fundar e foi sua casa por 34 anos, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin se filiou, nesta quarta-feira (23), ao PSB. O nome dele está na reta final de articulação para ocupar o posto de vice na chapa do ex-presidente Lula ao Palácio do Planalto nas eleições deste ano.
Em seu discurso, Alckmin criticou indiretamente o presidente Jair Bolsonaro, citou líderes do novo partido, pregou a candidatura de Lula, que, para ele, representa “esperança”, e defendeu união diante do pleito eleitoral que se avizinha.
“Não tenho dúvida de que o presidente Lula, se Deus quiser eleito, vai reinserir o Brasil no cenário mundial. Ele vai alargar o horizonte do desenvolvimento econômico e vai diminuir essa triste diferença social que nós temos no país”, afirmou Alckmin.
O ex-governador lembrou da disputa travada com Lula em 2006 — o petista ganhou a eleição. “Nunca colocamos em risco a questão democrática. O debate era de outro nível. Nunca se questionou a democracia”, disse.
O novo filiado contou se sentir em casa e parabenizou o PSB por seus quadros e objetivos políticos. “Esse partido, que tem história, tem compromisso com a população. Aliás, me sinto em casa porque temos uma origem quase comum”, relatou, acrescentando que a social democracia e o socialismo nasceram com base em princípios das lutas trabalhistas e sociais.
Alckmin criticou Bolsonaro, ainda que de forma indireta. “A primeira tarefa é combater a mentira, que é o que há de pior para o regime democrático. Aqueles que agem de maneira displicente com o resultado das eleições estão na verdade ofendendo a democracia. [Os] Que ameaçam o Parlamento ou que agridem o Supremo Tribunal Federal estão agredindo a democracia”, argumentou.
As últimas palavras de Alckmin no discurso, que já adota tom eleitoral, foram uma referência a Mário Covas e também uma indireta a Lula. “Apoiar não significa deixar de emitir discordância. Lealdade é valor praticado entre companheiros, mas há uma lealdade que se sobrepõe, que é lealdade ao destino do país. E é essa lealdade que aqui nos une e nos congrega”, finalizou.
Em seu discurso, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, afirmou que os partidos progressistas devem se unir no pleito eleitoral com o objetivo de bater na candidatura à reeleição de Jair Bolsonaro.
“Não se tratará, nessa disputa presidencial, entre esquerda e direita, se trata de uma disputa entre a democracia e o arbítrio, entre a civilização e a barbárie, entre manter o país em condições inaceitáveis nos âmbitos político, econômico e social e tirar o país e virar a página da história”, disse.
Para Siqueira, Bolsonaro é uma “figura nefasta” que chegou ao comando do país como resultado da falência do sistema político, embora este tenha produzido conquistas sociais. “Essa anomalia precisa ser encerrada.”
Alckmin deixou o ninho tucano após depositar seu voto no governador gaúcho Eduardo Leite durante as prévias presidenciais do partido. O PSDB escolheu João Doria, atual governador de São Paulo, como pré-candidato.
O ex-governador expressava a aliados a vontade de voltar ao comando do Palácio dos Bandeirantes, mas viu seus planos ruir após Doria, antes considerado aliado, optar pelo vice Rodrigo Garcia como candidato do partido ao Governo no Estado, o que iniciou o movimento de Alckmin para sair da legenda.