Escrito por: Redação/Fonte: Jornal O Popular
Fotos: Reprodução
O caso do estudante Roberto Campos da Silva, 16 anos de idade, morto a tiros por policiais da PM2, na noite da última segunda-feira (17), dentro de sua própria casa, no Residencial Vale do Araguaia, na grande Goiânia, deixou toda a população da capital goiana em estado de choque.
O pai do garoto, também foi baleado, mas resistiu aos ferimentos e está internado.
O Adolescente estava no 2º ano do Ensino Médio no Colégio Estadual Professor Wilma Gonçalves da Silva e tinha excelente desempenho, suas intenções era se mudar para o Canadá.
Segundo relatos da madrasta ao Jornal O Popular, a ação durou quase 50 minutos, a qual teve participação de três soldados da Polícia Militar (PM) que mataram, com tiros nas costas, o estudante Roberto Campos da Silva, conhecido como Robertinho, na casa onde ele morava com a família, no Residencial Vale do Araguaia, Região Leste de Goiânia. O adolescente foi morto perto do pai, de 42 anos, que foi baleado e encaminhado ao Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), da madrasta, de 42, e dos outros dois filhos dela, de 08 e 14 anos de idade.
Os militares atuavam no serviço de inteligência da PM e foram presos. A Secretária de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP) informa que eles estavam em serviço e têm “comportamento bom”. Os policiais suspeitos de praticarem os crimes são Paulo Antônio de Souza Júnior, Rogério Rangel Araújo Silva e Cláudio Henrique da Silva, confirma a SSPAP.
Sempre muito dedicado e solícito, principalmente com o pai, Robertinho, que estava na sala, acompanhado da família, saiu para a área da frente assim que acabou a energia em casa. Os cachorros começaram a latir perto do portão. Ele ligou a lanterna do celular e, após direcioná-la para o alto, percebeu que, nas residências vizinhas e na rua, tinha energia. “O Robertinho falou para o pai dele que haviam desligado o padrão”, conta a madrasta, cabelereira Idivanilda Gonçalves de Souza.
Em seguida, o pai de Robertinho, o mecânico Roberto Lourenço da Silva, pegou um revólver calibre 38 que estava dentro do carro estacionado na garagem. Depois, acrescenta a mulher, ele buscou uma escada, colocou-a no muro da frente, subiu para checar o que ocorria do lado de fora e viu os homens, que não estavam identificados como policiais. Eles não usavam farda e um deles estava com mochila nas costas. Roberto pegou uma chave fenda e abriu uma fresta no portão. “Nesse momento eu só ouvi os tiros. Os policiais atiraram sem parar”, diz Idivanilda.
A casa virou um cenário de Guerra. Ficaram 12 marcas de tiros no portão grande e duas, no pequeno. Outras quatro balas atingiram a parede da área da frente e mais duas, a do quarto. Um dos tiros atingiu uma das pernas de Robertinho, que, inicialmente, sentou-se no chão da área, enquanto o pai dele ficou caído, gemendo, no chão do quintal. Apenas um dos disparos deixou marca de dentro para fora da casa e os demais foram no sentido contrário.
Idivanilda e os dois filhos dela correram para dentro da residência para tentarem se proteger, assim que os PMs arrombaram o portão pequeno para entrar. “Depois que entraram, eles disseram que eram policiais e perguntavam onde estava a droga”, afirma a mulher, que, em depoimento à Polícia Civil, diz ter sido colocada dentro do quarto com os filhos.
“Ele pedia muito para não fazerem nada com o pai dele. De repente, ouvi mais três tiros, saí correndo e vi o Robertinho de bruços”, conta ela. “Isso foi execução”, diz um dos vizinhos.
Após balear Robertinho, segundo a madrasta, os policiais colocaram ela e os filhos de novo dentro de casa. “Eles ficaram me pressionando o tempo todo, dizendo que a gente era distribuidora”, relata a mulher, que suplicou aos PMs que religassem a energia e chamasse o socorro, o que não foi feito.
Outro vizinho conta que ligou para o socorro depois de os policiais irem embora. O Corpo de Bombeiros confirma que registrou o chamado de ocorrências às 21h16 de segunda-feira (17).
Inicialmente, a família suspeitou que a ação seria um roubo à residência, como ocorreu no final do ano passado, em outra casa onde moravam, no Jardim Novo Mundo. Na época, segundo a mulher, o pai de Robertinho comprou a arma para se proteger dos bandidos.
Moradores da região relatam que viram os policiais fugirem, mas, depois, quando carros da PM já estavam no local, voltaram e pegaram as cápsulas e estilhaços de bala e colocaram dentro de um Sandero branco, que estava estacionado na frente da residência. O terceiro militar estava em um pálio cinza.
De acordo com o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), o estado de saúde de Roberto é regular. O hospital informa, ainda que o mecânico foi submetido a uma cirurgia, respira com auxílio de oxigênio e está consciente, na enfermaria.
Roberto soube da morte do filho pela televisão e, por causa do seu quadro de saúde, não seria liberado para o velório que estava marcado para iniciar às 11 horas da manhã de hoje, quarta-feira (19), no Cemitério Parque Memorial de Goiânia, no Vau das Pombas, na saída para Bela Vista de Goiás, na Região Sul da capital.
Assistam vídeo detalhando o caso, produzido pelo Jornal O Popular
Cobertura completa do caso está no site: www.opopular.com.br.