Escolhido pelo presidente Michel Temer como novo ministro das Cidades, o deputado Alexandre Baldy (GO) prometeu ao PMDB e as siglas do Centrão (PP, PR e PSD) revogar atos do antecessor, Bruno Araújo (PSDB), após tomar posse, marcada para amanhã, quarta-feira (22). O primeiro deve ser a portaria que autorizou a contratação de 54.089 novas unidades habitacionais pelo programa Minha Casa Minha Vida, principal vitrine da pasta.
Anunciada em 6 de novembro por Araújo, a contratação beneficia a faixa 1 do programa, que atende famílias mais pobres, com renda mensal de até R$ 1,8 mil. A portaria prevê que as unidades devem ser construídas em 260 municípios em 26 Estados brasileiros, com expectativa de geração de 140 mil empregos diretos, segundo a pasta. O Acre foi a única unidade da Federação que ficou de fora.
Fiadores da indicação de Baldy, o PMDB e o Centrão pediram ao novo ministro para fazer uma nova distribuição “mais igualitária” das unidades que serão construídas no programa. O argumento é de que os Estados mais beneficiados pela decisão de Araújo foram aqueles governados por tucanos ou por governadores de partidos da oposição ao governo Temer.
Segundo informou o ministério, o Estado mais beneficiado foi São Paulo (15.165 unidades), administrado por Geraldo Alckmin (PSDB). Logo em seguida aparecem Minas Gerais (7.046 unidades), governado por Fernando Pimentel (PT); Paraná (3.331 unidades), governado por Beto Richa (PSDB); e Ceará (2.735) unidades), cujo o governador é Camilo Santana, do PT.
A portaria pode ser revogada pelo novo ministro porque as empresas que construirão as unidades ainda não assinaram contrato. A partir do anúncio, elas tinham 30 dias para comprovar qualificação e outros três meses para apresentar o anteprojeto e estudo de viabilidade.
Procurado, Araújo não respondeu à reportagem. Já o Ministério das Cidades informou que a distribuição dos municípios beneficiados seguiu “critérios técnicos”.
Megaprojeto
Baldy também prometeu ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), de quem é aliado, atuar para destravar um megaprojeto para a construção de uma linha ferroviária entre Goiânia e Brasília para cargas e pessageiros, apelidado de Transpequi. O projeto se arrasta há mais de dez anos e foi retomado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Baldy vinha acompanhando o desenrolar das discussões com o ministro da Secretário-geral da Presidência, Moreira Franco, buscando fontes de financiamento e investidores internacionais interessados na obra. Uma série de autorização para o projeto passa pela pasta que ele comandará. Além disso, como vice-presidente do conselho que gere o FGTS, o ministro pode atuar para destinar parte dos recursos para a obra.
Ontem, segunda-feira (20), Temer passou o dia em conversas para definir outras mudanças em ministérios do PSDB, entre elas com o tucano Aloysio Nunes (Relações Exteriores), que deve ficar no governo.
Escrito por: Redação/Fonte: O Popular
Foto: Humberto Silva