Os deputados estaduais recebem, atualmente, R$ 25,3 mil, o que já é 9,5 vezes maior que a média salarial do trabalhador goiano
Com o aumento de seus salários, aprovado em primeira votação por eles próprios nesta terça-feira (27), os deputados estaduais vão passar a ganhar, já em janeiro, mais de 11 vezes o valor médio do rendimento dos trabalhadores de Goiás.
A comparação leva em conta os R$ 29,4 mil que os parlamentares terão de vencimentos a partir do primeiro mês de 2023 e o rendimento médio do trabalhador goiano, que é de R$ 2,6 mil, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) trimestral, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento mede o que o trabalhador efetivamente recebeu no mês de referência.
Os deputados estaduais recebem, atualmente, R$ 25,3 mil – o que já é 9,5 vezes maior que a média salarial do trabalhador goiano –, e o aumento aprovado é efeito do reajuste aprovado pelo Congresso Nacional nos vencimentos de deputados federais, senadores, presidente, vice-presidente e ministros – em âmbito federal, as remunerações passam de R$ 33,7 mil para R$ 39,3 mil em janeiro de 2023, mas deve chegar a R$ 46,3 mil em 2025, devido ao reajuste escalonado.
Segundo a Constituição Federal, os parlamentares estaduais podem receber até 75% do que recebe um deputado federal, e o cálculo da reportagem considera apenas a primeira parcela do aumento na Assembleia Legislativa de Goiás – os deputados goianos também receberão reajustes de maneira gradual, com salários chegando a 34,7 mil em 2025, isto é, um acréscimo de R$ 9,4 mil sobre o valor atual.
A Assembleia previa a votação do projeto a fim de majorar seus vencimentos, de maneira extraordinária, ainda na quarta-feira (21), garantindo efeito imediato à aprovação no Congresso Nacional, no dia anterior, do Projeto de Decreto Legislativo com o reajuste em âmbito nacional. O decreto do Congresso foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) na segunda-feira (26).
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COMPARAÇÃO
Pelos dados do IBGE, Goiás tem a maior discrepância entre o que ganha um deputado estadual e o valor médio recebido pelo trabalhador nos estados do Centro-Oeste. Em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, onde as Assembleias já aprovaram o aumento dos salários dos parlamentares, a diferença é de 9,5 e 9,8 vezes, respectivamente. No primeiro, o rendimento médio do trabalhador comum é de R$ 3,08 mil; no segundo, R$ 3 mil.
A distância para o trabalhador comum também é maior em Goiás do que em outros seis estados: Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo Santa Catarina e Rio de Janeiro, dos quais os quatro primeiros já têm aprovadas as majorações nos salários dos parlamentares estaduais. Em todos os casos, o rendimento médio do trabalhador é maior que o do trabalhador goiano, variando de R$ 2,7 mil (Espírito Santo) a R$ 3,3 mil (São Paulo).
No país, oito estados apresentam rendimento médio do trabalhador abaixo de R$ 2 mil: Maranhão (R$ 1,6 mi), Bahia (R$ 1,7), Alagoas (R$ 1,8 mil), Pernambuco (R$ 1,8 mil), Ceará (R$ 1,9 mil), Sergipe (R$ 1,9 mil), Pará (R$ 1,9) e Rio Grande do Norte (R$ 1,9 mil).
Dessas unidades da Federação, as Assembleias de Maranhão e Rio Grande do Norte já aprovaram o aumento a seus deputados, assim como em Minas Gerais e Tocantins (a renda média do trabalhador é R$ 2,4 mil nos dois casos, um diferença de 12,1 vezes para a remuneração parlamentar).
Publicado por: Badiinho Moisés/Texto: Marcos Carreiro – O Popular