Na última quarta-feira, 22, uma assembleia da Cooperativa Agropecuária de Catalão (Coacal), foi realizada no auditório da ACIC/CDL, evento este que durou cerca de 04 horas, com muitos debates e discussões acaloradas.
Cada associado que participou do evento, recebeu uma planilha das ações com demonstrativo contábil sobre a situação financeira da Coacal. Porém, os balancetes de 2017 foram reprovados, e a dívida da Cooperativa Agropecuária é de quase R$ 10 milhões de reais.
“Nós tivemos aí vários transtornos comerciais durante esse período, a gente vem todos os anos empatando prejuízos, tanto é que a gente tinha feito estudo mercadológico, que apontou que não era viável a quantidade do laticínio no centro da cidade (fechado em fevereiro), e o nosso posto de combustível”. “Providências essas que foram tomadas e já encerramos as atividades”. “Nós temos aí, muitos tributos, impostos, temos alguns créditos que vem de muitos anos, por exemplo: Estamos aqui apresentando dívidas que vem desde 1.975, que quando a Cooperativa se filiou a Paulista e hoje temos créditos e não estamos recebendo”. Temos vários prejuízos por decorrência dessa comercialização de produtos, a gente tenta fazer um pagamento ao cooperado mais digno possível, consequentemente as vezes estamos vendendo mais barato do que a gente está pagando”, disse Carlos Henrique Duarte, ex-presidente da Coacal.
A fábrica de laticínios da Coacal foi fechada no fim do mês de fevereiro depois de funcionar por quase 60 anos, e ao todo, 14 funcionários foram demitidos. Para se ter uma ideia, o futuramento bruto da Cooperativa, caiu de quase R$ 33 milhões de reais em 2008 para R$ 21 milhões de reais no ano passado. A queda também foi no número de associados, que despencou de 648 em 2008 para 118 na atualidade.
“A faixa etária da Cooperativa ultrapassa os 65 anos de idade, não tendo nenhum filho de produtor no campo, isso é uma verdade que está acontecendo, e bem vista aos cooperados, porque hoje na cidade, remunera melhor do que na atividade leiteira”. “Outra questão, a valorização das terras aqui no município, elas se tornaram agricultáveis, e as que não são se tornaram rentáveis para a criação do gado de corte, devido ao envelhecimento dos produtores que eu reforço, e também a falta de mão de obra para a atividade leiteira”, foi a justificativa de Henrique Duarte para o declínio na quantidade de associados que apresentou queda acentuada em sua gestão.
Com um faturamento cada vez menor, e a queda expressiva do número de associados, principalmente nos últimos 10 anos, a única alternativa encontrada, isso segundo a diretoria da Coacal, foi encerrar as atividades, enquanto ainda existe patrimônio suficiente para pagar todas as dívidas.
Pelos dados apresentados durante a última assembleia, a Cooperativa ainda tem R$ 3.300.000 para receber de associados e empresas, além dos bens, avaliados inicialmente em R$ 5.700.000.
Segundo o advogado da Cooperativa, Clelisson Fonseca, em todo o caso não há nenhum risco para o produtor Rural. “Na verdade a cobrança não cai para o Cooperado, já que os cooperados só respondem nos limites de suas cotas, mas se ela não for liquidada, a Cooperativa terá que adotar outros rumos, para realmente conseguir se manter no mercado econômico nesse cenário, onde o pequeno volume de leite, associado ao alto valor do custo dessa produção e capitação, talvez torne inviável essa atividade”. “Essa proposta de liquidação da Cooperativa, é uma proposta feita enquanto a Cooperativa tem solvência para quitar todos os débitos”, explicou Dr. Clelisson Fonseca.
O processo de liquidação foi aprovado pela maioria dos associados, e assim a atual diretoria da Coacal foi destituída, mas o ex-presidente, Carlos Henrique Duarte, segue a frente da Cooperativa Agropecuária de Catalão (Coacal), e será ele, o liquidante, o responsável financeiro pelo encerramento definitivo das atividades. O objetivo de Henrique Duarte e mais três conselheiros fiscais nomeados, é fazer a reavaliação do patrimônio e cumprir com todas as obrigações legais até a ocorrência de uma nova assembleia, prevista para acontecer em maio.
“Essa liquidação, é para normalizar a Cooperativa, acertar todas as dívidas, trazer a cooperativa ao patamar zero, e assim dar um novo início a Cooperativa”, disse o ex-presidente e agora o liquidante, Henrique Duarte.
Para a maioria dos associados, a decisão foi certa. “Toda a assembleia eu participo, cada vez pior, não está tendo nada na Cooperativa para os produtores, aí eu falei, melhor é liquidar”, disse um cooperado.
Já outros produtores discordam da decisão, pois para eles, era possível reverter a situação. “No meu ponto de vista, inclusive é mais uma das táticas para se manterem no poder, de se perpetuarem no poder da Cooperativa, e a Cooperativa a gente viu que de fato tem dívidas, mas se tiver diretoria certa, tiver pessoas serias, ela ainda pode ser levantada e ainda pode voltar para os cooperados, podendo ainda voltar a dar lucro”, disse o cooperado Wender Antônio.
Alguns cooperados falam que a liquidação é o reflexo da inoperância e da ineficiência administrativa. “Administrar é muito fácil, administrar sem dinheiro se você ganha três, você não deve gastar esses três, você gasta um e coloca os outros de reserva”, disse José Carlos da Silva (Zé Tomate), cooperado crítico da situação financeira da Coacal.
Matéria completa sobre a última assembleia da Coacal
Escrito por: Redação/Fonte: TV Sucesso Catalão – Rede Record Goiás
Fotos: TV Sucesso