Os goianos clientes da Enel Distribuição Goiás ficaram quase um dia inteiro sem energia no ano passado. Isso em média. Foram 23,07 horas segundo o indicador de Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (DEC). Enquanto o limite estabelecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) era de 13, 44 horas.
Ao ultrapassar esse limite em quase dez horas e transgredir também o teto estabelecido para o indicador de frequência das quedas, a antiga Celg Distribuição (Celg D) aparece pelo oitavo ano consecutivo entre as piores distribuidoras do País em ranking da Aneel. Saiu da última posição, onde estava desde 2016, para a penúltima.
O ranking de continuidade do fornecimento de energia elétrica é resultado de avaliação da agência reguladora em todas as concessionárias de janeiro a dezembro de 2019. A Enel faz parte do grupo de grande porte, que reúne aquelas que atendem mais de 400 mil unidades consumidoras. Nele estão 29 empresas. A única mais mal avaliada do que a goiana foi a Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEE-D), do Rio Grande do Sul.
Entre as melhores classificadas estão a Companhia Jaguari de Energia (CPFL Santa Cruz) de São Paulo, seguida por Centrais Elétricas do Pará (Equatorial PA) e Energisa Minas Gerais (EMG), empatadas em segundo lugar no ranking de 2019.
O grupo Enel no Brasil apareceu em peso nas últimas posições. Entre as piores, aparecem, junto com a Enel Goiás (28ª), a Enel Rio de Janeiro (27ª) e Enel Ceará (26ª) – que recuou 18 posições em comparação a 2018. Somente a Enel São Paulo (15ª) está com uma avaliação melhor.
COMPESAÇÕES
Por transgredir os indicadores individuais de qualidade, a companhia teve de pagar aos consumidores goianos R$ 103,234 milhões como compensação no ano passado. O valor aumentou, mesmo que a empresa tenha melhorado os indicadores. Em 2018, foram pagos R$ 66,628 milhões.
De acordo com a Aneel, um dos motivos para o aumento desse valor é o mecanismo de incentivo estabelecido por ela, por meio da redução dos limites impostos às distribuidoras. Já a quantidade de compensações foi reduzida, de R$ 9,74 milhões para R$ 7,578 milhões.
Além das compensações aos consumidores, há também regra que restringe a distribuição de proventos aos acionistas (dividendos e juros sobre o capital próprio) em caso de violação dos limites estabelecidos para DEC e Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (FEC) globais por dois anos consecutivos, ou por três vezes em cinco anos.
Em 2019, a Enel permaneceu na condição estabelecida para a restrição. Por isso, está proibida, ao longo do ano de 2020, de distribuir proventos em valor superior a um mínimo legal definido pela Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976.
Em resposta ao desempenho no ranking, a companhia reforçou que registrou melhoria na comparação com 2018. E que os índices são os melhores já apresentados pela companhia historicamente. “Em março de 2020, a empresa alcançou números ainda melhores, com DEC em 19,48 horas e o FEC em 9,43 vezes”.
A distribuidora ressaltou ainda que tem alcançado melhorias desde que a Enel assumiu o controle, em fevereiro de 2017. A nota cita que o DEC foi reduzido em cerca de 7 horas, na comparação entre dezembro de 2016 e dezembro de 2016 e dezembro de 2019. E que, no caso do FEC, o número caiu de 18,40 para 10,43 vezes no mesmo período.
Sobre o desempenho das outras distribuidoras do grupo, a Enel informou que “investiu, apenas em 2019, cerca de R$ 2,4 bilhões nas áreas de concessão de suas distribuidoras no País, com foco na modernização e digitalização da rede elétrica”. Como os limites regulatórios variam, considera que “os resultados se tornam mais desafiadores em algumas concessões “.
Escrito por: Redação/O Popular