O cardiologista e professor universitário Dr. Petterson Idelmino França concedeu entrevista à Rádio Cultura FM, onde abordou os principais sinais do infarto, a importância da rapidez no atendimento e os riscos associados ao consumo de energéticos e estimulantes.
De acordo com o especialista, o infarto pode ocorrer de forma silenciosa. No entanto, há sintomas que servem de alerta. “A dor no peito é um dos sinais clássicos, mas nem sempre o paciente consegue descrevê-la de forma precisa. Muitas vezes, ele sente uma sensação de peso, opressão, como se tivesse um elefante sobre o peito. Além disso, essa dor pode irradiar para o braço esquerdo, mandíbula, pescoço ou dorso”, explicou.
Por isso, ele enfatizou a importância de buscar atendimento imediato ao sentir qualquer desconforto no peito. “Se começou agudamente, vá ao hospital. Hoje, todos os hospitais seguem protocolos para dor torácica, realizando um eletrocardiograma em até dez minutos após a chegada do paciente. Esse exame, por sua vez, pode indicar a necessidade de investigações mais detalhadas, como exames de sangue para verificar marcadores de infarto”, ressaltou.
Infarto em jovens pode ser mais fatal
Outro ponto abordado foi a maior gravidade do infarto em pacientes mais jovens. Segundo o médico, diferentemente dos idosos, que ao longo do tempo desenvolvem uma rede de vasos colaterais para compensar a obstrução das artérias, os jovens não tiveram tempo suficiente para criar essa adaptação. Como consequência, quando um jovem infarta, a falta de circulação pode ser mais severa e fulminante.
Além disso, Dr. Petterson explicou que esse fenômeno está relacionado ao processo gradual de aterosclerose. “No decorrer da vida, o corpo humano desenvolve mecanismos para contornar obstruções nas artérias. No entanto, como esse processo é lento, os jovens não contam com essa ‘rede alternativa’ de circulação sanguínea, o que pode tornar o infarto ainda mais perigoso”, afirmou.
Os perigos do consumo de energéticos e estimulantes
Durante a entrevista, o cardiologista também chamou atenção para os riscos do consumo de energéticos, especialmente antes da prática de atividades físicas. “Estudos recentes mostram que o uso dessas substâncias triplica a chance de infarto e aumenta em cinco vezes o risco de trombose e embolia pulmonar. Além disso, os energéticos elevam a pressão arterial e podem desencadear arritmias, aumentando o risco de morte súbita”, alertou.
Ainda assim, muitas pessoas subestimam os efeitos dessas bebidas. No entanto, o médico ressaltou que o problema não está apenas no consumo excessivo, mas também na falta de conhecimento sobre os riscos envolvidos. “Os energéticos contêm substâncias estimulantes, como taurina e cafeína, que podem ser consumidas com moderação. Contudo, o uso indiscriminado pode representar um grande perigo para a saúde do coração”, enfatizou.
Além disso, ele destacou que o verdadeiro propósito do esporte é promover qualidade de vida, e não colocar a saúde em risco com substâncias prejudiciais ao coração. “Muitas vezes, as pessoas buscam melhorar o desempenho esportivo com estimulantes, sem considerar as consequências. No entanto, o mais importante é manter um equilíbrio e cuidar da saúde”, pontuou.
Homens infartam mais do que as mulheres
Outro tema discutido foi a maior incidência de infartos em homens. De acordo com Dr. Petterson, isso ocorre por uma combinação de fatores culturais e comportamentais. “As mulheres costumam se cuidar mais e buscar atendimento médico com maior frequência. Já os homens, por outro lado, tendem a negligenciar os sinais de alerta e evitar exames de rotina, o que aumenta significativamente os riscos”, destacou.
Além disso, a resistência masculina em adotar hábitos saudáveis é um fator preocupante. “Quando um paciente apresenta fatores de risco, como pré-diabetes, hipertensão e colesterol alto, eu recomendo mudanças no estilo de vida. No entanto, muitos homens ignoram essas orientações e acabam retornando ao consultório apenas quando o problema já está avançado”, afirmou o especialista.
Mudança de hábitos é essencial
Por fim, o médico reforçou a necessidade de hábitos saudáveis para a prevenção de doenças cardiovasculares. Para ele, a mudança de estilo de vida é um processo desafiador, mas fundamental para a saúde. “A atividade física, por exemplo, não é prazerosa no começo. Entretanto, com o tempo, o corpo se adapta e passa a produzir hormônios do bem-estar, como serotonina e dopamina. Por isso, a disciplina é essencial para manter a rotina de exercícios”, explicou.
Além disso, ele alertou que, após um período sem atividades físicas, o corpo rapidamente perde os benefícios adquiridos. “Se você interrompe a prática por apenas uma semana, sua produção de endorfinas já começa a cair. Por isso, a constância é tão importante”, ressaltou.
O médico atende em seu consultório na Rua Dr. Pedro Ludovico, 341, no centro de Catalão, e pode ser contatado pelo WhatsApp (64) 99901-1667.
