Com cerca de 50 indústrias, entre elas montadoras de veículos e máquinas agrícolas e empresas de grande porte do ramo mineração e fertilizantes, o polo industrial de Catalão é considerado atrativo pela localização e potencialidades. Mas também enfrenta desafios comuns a outras regiões do Estado, como o alto custo para transporte, mesmo com a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), que leva mercadorias aos portos de Santos (SP) e de Tubarão, em Vitória (ES).
Isso é o que mostra diagnóstico feito pela Federação das Industrias do Estado de Goiás (Fieg). O estudo, que é o quarto feito pela instituição sobre os polos goianos – depois de Anápolis, Aparecida de Goiânia e Rio Verde -, será apresentado hoje no município, onde também ocorrerá um seminário sobre as perspectivas e soluções para a área, na Escola Senai. Segundo o presidente da Fieg, Pedro Alves de Oliveira, a intenção é identificar vocações regionais, oportunidades de expansão dos negócios e gargalos para o desenvolvimento a fim contribuir para a política industrial.
“O diagnóstico busca mapear as principais características e identificar as necessidades”, afirma. Sobre o maior polo industrial do Sudeste, o coordenador técnico da Federação, Wellington Vieira, explica que as queixas estão relacionadas especialmente à infraestrutura, queixas com relação a transporte, comunicação, suprimento de energia e até dificuldade de encontrar mão de obra. “Mesmo com o trabalho do Senai, há desafios em algumas áreas de disponibilidade de trabalhadores.” Por outro lado, para 2018, metade das empresas informou que haverá estabilidades no quadro de funcionários.
Adensamento
Para aproveitar potencial existente, outro ponto, conforme Welington Vieira, é o adensamento das cadeias produtivas. Isso porque por mais que existam grandes empresas instaladas em Catalão, somente 4% compram parte dos insumos na região. O estudo mostra que há interesse em adquirir produtos e serviços de fornecedores locais, mas que hoje são importados ou adquiridos de outros Estados brasileiros. Nessa lista, estão matéria-prima com 93% de interesse das indústrias, manutenção (17%), serviços de transporte (9%) e embalagem (6%).
“Faltam fornecedores e, quando tem, o preço local também é mais caro do que o oferecido pelos que estão fora do polo, em outros Estados”, ressalta. O assessor técnico da Fieg avalia que essa falta de adensamento é um problema para todos os polos atualmente. “Produzimos alimento, mas não embalagem; automóvel, mas não autopeças.”
Uma das soluções proposta devido à carência de política de fortalecimento dos elos produtivos seria auxílio do governo para induzir esse movimento de instalação de empresas para suprir as já existentes. “A gente perde muitas sinergia, poderiam comprar produtos aqui, seria melhor ter estoque baixo (just in time), com menor custo, mais facilidade de negociação e traria melhor desenvolvimento também para o Estado.”
Porém, Vieira pontua que nesta questão há também influência de fator cultural, já que o processo de industrialização é relativamente recente em Goiás. “Não tem 40 anos que isso deslanchou no Estado, mas tem de mudar, ou ficaremos como eternos montadores e não fabricantes efetivos.”
Para o evento que está sendo realizado nesta quarta-feira (06), foram convidados agentes públicos para debater esses e outros desafios do setor produtivo e para que possam ajudar a encontrar saídas para melhorar o desempenho do polo. “Convidamos Prefeitura, Saneago, Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e instituições como o Sebrai e Senai. O objetivo é oferecer à comunidade local, informações para acompanhamento do trabalho”.
Escrito por: Redação/Fonte: Jornal O Popular
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