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Gestão passada deixou R$ 3,6 bi em dívidas na prefeitura de Goiânia, afirma Mabel

O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil), compareceu à Câmara Municipal na manhã desta segunda-feira (24) para apresentar a prestação de contas do último quadrimestre de 2024. O relatório corresponde ao período em que a Prefeitura ainda era comandada por Rogério Cruz (Solidariedade).

Embora tenha declarado anteriormente que não participaria da sessão, Mabel decidiu ir ao Legislativo após um pedido do vereador Cabo Senna, presidente da Comissão Mista. Durante sua fala, ele expôs o déficit deixado em caixa e também relatou as principais ações de sua administração desde o início do mandato, em 2025.

“Não tenho nada contra a gestão passada. Por isso, achei que talvez fosse desnecessário comparecer, dada a correria. No entanto, ao ouvir do senhor (Cabo Senna) sobre a importância da minha presença, vim com o maior prazer”, afirmou o prefeito.

De acordo com Mabel, há divergências entre os números oficiais, já que a antiga gestão não contabilizou diversas dívidas. Ao todo, o município acumula R$ 3,6 bilhões em débitos. Entre os principais valores não registrados estão: R$ 2,3 bilhões da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), R$ 441 milhões da saúde e R$ 233 milhões do Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores (Imas).

Dívidas herdadas

Na área da saúde, por exemplo, as principais pendências envolvem maternidades, com R$ 248 milhões, além de R$ 50 milhões em folhas de pagamento. Já na Comurg, o destaque fica por conta das obrigações tributárias, que somam R$ 1,5 bilhão.

Além disso, também foram encontrados valores não empenhados pela Secretaria Municipal de Administração (R$ 48,4 milhões) e pela Secretaria Municipal de Infraestrutura (R$ 42,9 milhões), o que agrava ainda mais o quadro.

A apresentação cumpre exigência da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que determina a prestação de contas a cada quatro meses. O objetivo é garantir mais transparência na gestão pública e permitir que o Legislativo acompanhe os gastos do Executivo.

Ações emergenciais e renegociação de dívidas

Para enfrentar a situação, Mabel destacou que sua gestão iniciou a renegociação de contratos, especialmente na área da saúde. Dessa forma, a prefeitura tem conseguido manter os serviços básicos em funcionamento. “Já conseguimos reduzir em até 40% o valor de diversos contratos. Estamos priorizando áreas essenciais, como a saúde, e ajustando tudo dentro do orçamento”, explicou.

Intervenção na Comurg gera economia

Outra medida importante foi a intervenção na Comurg. Segundo o prefeito, a ação teve como objetivo reduzir gastos e tornar a empresa mais eficiente e autossuficiente. “Com essa intervenção, já conseguimos quase R$ 30 milhões de economia por mês. Esses valores ajudarão a cobrir os R$ 190 milhões necessários neste momento, além de garantir ainda mais economia com a revisão de contratos”, ressaltou.

O líder do prefeito na Câmara, vereador Igor Franco, afirmou que os números apresentados mostram a gravidade da situação herdada e justificam as decisões da nova gestão. “A Comurg, pela primeira vez, fechou o mês no azul. Isso mostra que a empresa tem potencial. Por outro lado, a área da saúde estava muito precária quando o prefeito assumiu, mas agora já começa a apresentar melhorias”, pontuou.

Detalhamento dos débitos

Na Comurg, o total da dívida de R$ 2,3 bilhões está distribuído da seguinte forma:

  • R$ 1,5 bilhão em obrigações tributárias

  • R$ 201 milhões em encargos sociais

  • R$ 96 milhões em dívidas trabalhistas

  • R$ 65 milhões com fornecedores

  • R$ 63 milhões em consignados

  • R$ 50 milhões em impostos a recolher

Enquanto isso, na saúde, o rombo de R$ 441 milhões inclui:

  • R$ 248 milhões para maternidades

  • R$ 50,8 milhões em consignados

  • R$ 33,2 milhões para prestadores do SUS

  • R$ 16,1 milhões a clínicas e hospitais

  • R$ 15,6 milhões a profissionais terceirizados

  • R$ 7,5 milhões em contas de energia

  • R$ 5 milhões para fornecimento de refeições

No caso do Imas, a dívida de R$ 233 milhões envolve:

  • R$ 178 milhões a prestadores de serviços referentes a 2023 e 2024

  • R$ 24 milhões em guias excedentes da pandemia

  • R$ 16,5 milhões do faturamento de novembro de 2024

  • R$ 13,6 milhões de dezembro do mesmo ano

Receita x despesas

O secretário da Fazenda, Valdivino de Oliveira, informou que a receita total do município em 2024 foi de R$ 9,14 bilhões. No entanto, as despesas chegaram a R$ 9,53 bilhões, o que gerou um déficit considerável. “Nosso maior desafio está nas dívidas deixadas por cancelamentos de empenhos ou por despesas que sequer foram registradas. Mesmo assim, a Prefeitura precisa honrar esses compromissos”, finalizou.

Badiinho Moisés
Badiinho Moisés
Blogueiro há 15 anos, proprietário da empresa Badiinho Publicidades, e também repórter de rádio e televisão na emissora Cultura FM 101,1, em Catalão-GO.

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