Escrito por: Eduardo Pinheiro – Jornal O popular
As irmãs Anny Beattriz e Anny Gabrielly, que nasceram unidas pelo tórax, permanecem em estado gravíssimo na unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal do Hospital Materno-Infantil (HMI), em Goiânia. As crianças ainda devem permanecer entubadas por prazo indeterminado, já que as chances de sobrevivência são mínimas. Nova avaliação do estado de saúde delas deve ser realizada hoje pela manhã.
Embora ambas estejam em estado gravíssimo, Anny Beattriz, que possui 2,3 quilos (kg) e 45 centímetros (cm), ainda permanece instável. Maior que a irmã, a menina teve uma parada cardíaca no domingo, após a cirurgia de separação, realizada no sábado, o que fez com que seu quadro se tornasse mais complicado. De acordo com Zacharias Calil, cirurgião responsável pelo procedimento, a criança precisou ser reanimada e, desde então, a frequência cardíaca varia de forma brusca, necessitando de acompanhamento.
As irmãs possuíam um único fígado dividido pelas duas e os corações nasceram unidos por uma artéria grossa. Assim, foi preciso realizar procedimento de disjunção do órgão e separação de forma urgente. Passadas 48 horas da cirurgia, as gêmeas tomam medicamentos de forma controlada para a manutenção da pressão sanguínea e respiram com a ajuda de aparelhos. Calil salienta que o risco de infecção foi controlado, mas que ainda é preciso observar através de exames rotineiros o quadro de saúde das crianças.
O médico informa ainda que Anny Gabrielly, de 1,5 kg e 36 cm, apesar de ter função renal complicada, já que tem um rim com má-formação, está com estabilidade melhor que a irmã maior. “Ela não apresenta tantas intercorrências no pós-operatório quanto Anny Beatriz. É uma surpresa”, afirma.
AGROTÓXICOS
O médico responsável pela cirurgia de separação das gêmeas acredita que a exposição a agrotóxicos pode ter causado a má-formação durante a gestação. De acordo com ele, a mãe, Iara Pereira, de 24 anos, foi exposta a agrotóxicos sete meses antes de engravidar. Segundo relatou, um avião de pulverização de lavoura na zona rural de Ibipeba (BA), onde moram, pode ter sido o responsável. “Não existe literatura médica que comprove essa ligação. É uma hipótese”, afirmou.
Embora o estado de saúde das gêmeas seja crítico, os pais acreditam na recuperação das filhas. O agricultor Jeiel dos Santos Guedes, de 25, afirma que a confiança em Deus pode ajudar a dar tudo certo. “Foi um susto, pois esperávamos que a cirurgia fosse acontecer daqui a um mês. Agora, estamos esperançosos que elas fiquem bem”, afirma. Ele e a mulher acompanham de perto todo o tratamento.
A descoberta da ligação dos bebês se deu aos seis meses de gestação, quando moravam na Bahia. Com a constatação da má-formação vieram para Goiânia para os exames prenatais e acompanhamento. As gêmeas nasceram em 10 de dezembro, aos oito meses de gestação, no HMI. Jeiel e Iara têm outro filho, de 1,9 ano.