Diante da incerteza sobre o desfecho do movimento grevista dos caminhoneiros e a volta à normalidade do abastecimento de combustíveis, o governador José Eliton editou decreto, na tarde deste sábado (26), com o objetivo de garantir o abastecimento para o transporte de produtos e serviços públicos essenciais e identificar a repercussão da crise em todos os setores da economia.
A medida prevê, inclusive, a possibilidade de intervenção na propriedade garantindo uma reserva técnica de combustíveis nos postos, para que as forças de segurança e de saúde tenham prioridade no abastecimento e para que se possa garantir a distribuição de insumos hospitalares. “Esta é uma ação fundamental, se levarmos em conta que há pacientes que dependem de determinados tipos de insumos para garantir a continuidade de seu tratamento”, comentou o governador.
Os efeitos da crise instalada no País, por conta do movimento de paralisação dos caminhoneiros e seus reflexos no cotidiano das famílias goianas, foram discutidos durante reunião convocada pelo governador José Eliton com auxiliares, presidentes e representantes dos poderes Legislativo e Judiciário, Ministério Público, Polícia Rodoviária Federal, Forças Aéreas, Infraero, Prefeitura de Goiânia, Procon, dentre outros.
A preocupação do governador, externada na abertura da reunião, é a de que o legítimo e democrático direito à manifestação e reivindicação da categoria não se sobreponha ao bem-estar das famílias, apenando-as com a falta de combustíveis, alimentos, remédios e assistência à saúde. “É importante destacar que nós compreendemos e respeitamos o movimento liderado pelos caminhoneiros. Suas reivindicações são claras. A Constituição garante o direito de manifestação, assim como exige a garantia do abastecimento essencial para a população. E esse mandamento constitucional em Goiás será cumprido à risca”, sentenciou o governador.
O encontro da tarde deste sábado, interpretado pelos participantes como um gabinete de gestão de crise comandado pela Secretaria de Segurança Pública do Estado, serviu para que representantes de vários segmentos públicos pudessem apresentar um panorama do desabastecimento causado pela imobilidade dos caminhões que abastecem os postos de combustíveis. Os titulares ou seus representantes de cada área analisaram a situação atual e apresentaram projeções para as próximas 24 horas, caso a greve dos caminhoneiros não seja interrompida imediatamente.
De acordo com o governador, no âmbito da Secretaria Estadual de Saúde a preocupação é com o abastecimento das unidades com insumos hospitalares. Em decorrência da falta de combustível, algumas unidades do interior tiveram de suspender cirurgias eletivas pela ausência de insumos. Os estoques nos hospitais da capital são suficientes para atender as necessidades por apenas uma semana.
Os maiores problemas, segundo a Secretaria de Saúde, estão na região Sudoeste do Estado. As unidades de atenção básica à saúde da capital estão funcionando normalmente. O representante da prefeitura de Goiânia, Paulo Ortegal, disse que há uma preocupação constante para que não haja falta de combustível para atender as ambulâncias e especialmente os veículos do Samu.
Na educação, a falta de combustível já apresentou problemas. Há ineficiência no transporte escolar e na distribuição de alimentos para a merenda. A situação é mais delicada, segundo o governador, na região do Entorno do Distrito Federal.
Ao avaliar o transporte público da capital, o governador disse que a circulação dos ônibus está assegurada no Eixo Anhanguera. “A Metrobus está com seus estoques adequados, o que garante a regularidade do transporte naquele corredor”, afiançou. A mesma tranquilidade, todavia, não se verifica em relação às demais empresas que operam o sistema de transporte da capital em função da limitação de combustível. Por esta razão, um procedimento de contingenciamento foi estabelecido para garantir um transporte mínimo aos usuários.
Na área de segurança, foi constatado que o abastecimento ainda é adequado. Não há falta de combustível para as viaturas e demais veículos. A Infraero, que administra o Aeroporto Santa Genoveva, pintou um quadro não muito alentador durante a reunião. O aeroporto, apesar de ainda operar com chegadas e partidas de acordo com as planilhas de operação das empresas aéreas, está completamente sem combustível. Da necessidade diária de 200 mil litros de queresone de aviação, o aeroporto só recebeu 80 mil litros ontem, sexta-feira (25).
De acordo com o governador, os caminhões que abastecem o aeroporto estão parados em barreiras no interior de Goiás e de São Paulo. A Infraero e a Polícia Rodoviária Federal já desenharam um plano para liberar os caminhões e escoltá-los até Goiânia.
Em entrevista coletiva após a reunião, José Eliton informou que já está em andamento um conjunto de ações de escolta de determinados caminhões para atender as agendas que foram estabelecidas como prioritárias. Salientou que a Secretaria da Fazenda está convocando plantão dos órgãos de fiscalização e emissão de documentos para atender no Polo de Senador Canedo, propiciando o embarque e o transporte de combustíveis.
Escrito por: Redação/Gabinete de Imprensa do Governador de Goiás