O governador Ronaldo Caiado visitou no último sábado (27/07) as ruínas do antigo Arraial de Ouro Fino, na região da cidade de Goiás, e se comprometeu a recuperar a histórica igreja com o objetivo de integrar o trecho do Caminho de Cora Coralina. “Aqui guarda muito a história de Goiás, muito daquilo que foram nossos antepassados”, frisou. O local foi fundado por Bartolomeu Bueno da Silva Filho, em 1727, na época da busca pelo ouro no rio Uru e Córrego de Praia, mas depois que virou distrito, foi abandonado. Atualmente, a área pertence a uma propriedade particular e está em ruínas.
Ouro Fino está a cerca de 10 quilômetros da GO-070, e pode ser acessado após o posto da Polícia Rodoviária Estadual, seguindo por uma estrada de terra à direita para quem segue no sentido Goiânia/Cidade de Goiás, antes do trevo para Mossâmedes. “Sei que o Estado passa por uma situação financeira delicada, então vou buscar de toda maneira auxílio com Governo Federal e entidades que possam nos ajudar a reproduzir esta igreja. Queremos dar oportunidade para que o turista que transite pelo caminho de Cora Coralina possa conhecer ou pelo menos tentar reviver aquilo que tivemos aqui anos atrás”, ressaltou o governador.
Chegar até o local envolve sorte, já que não há sinalização para acessar o distrito. Caiado explicou que irá procurar o proprietário para dialogar sobre a recuperação do patrimônio. Ele diz que, inicialmente, é necessário cercar a área para o que sobrou da construção, feita de adobe, taipa e tijolo, não se acabe. As ruínas da igreja de Ouro Final estão em uma área de pastagem e os animais acabam lambendo as paredes, aumentando, assim, a degradação.
Caiado afirma que na região também havia um espaço para formação de padres e destinado aos viajantes que passavam pela local. “As pessoas trafegavam aqui com as boiadas, vindo do interior do Estado e, normalmente, rumavam para Barretos (em São Paulo)”. O governador também lembrou que Ouro Fino ficou reconhecido por fazer parte da emblemática música do Chico Mineiro, de Tonico e Tinoco.
“É uma música que é reconhecida por todos. Faz parte daquilo que é a música raiz. Queremos mais do que nunca voltar a recuperar essa igreja. Recuperar o emblema da música sertaneja, da tradição que sempre tivemos aqui. Isso é tratar a nossa cultura”, reforçou Caiado.
O presidente da Goiás Turismo, Fabrício Amaral, órgão responsável pelo projeto Caminho de Cora Coralina, diz que a ideia é transformar o espaço em um ponto de parada, antes de se chegar a cidade Goiás ou seguir caminho para os outros destinos do roteiro. “Muitas pessoas não têm noção do que sejam estas ruínas”, avaliou. Agora, o objetivo é ver as pessoas passando novamente por ali. Para isso, reforçou, é preciso oferecer infraestrutura adequada. Ele ainda destacou que atrair visitantes ao espaço fará com que os turistas durmam na região, “consumindo, movimentando a economia e gerando emprego”.
Secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação, Adriano da Rocha Lima afirmou que a tecnologia pode contribuir com a reconstrução da história da igreja de Ouro Fino. “Podemos criar um projeto em 3D, em computação gráfica, da igreja original e jogar isso em realidade aumentada. Quem visitar o local coloca óculos para ver o espaço como era e o que existe hoje junto. Você enxerga a mistura do real com o projetado”, sugeriu. Segundo ele, essa ideia não é difícil de fazer, é rápida e o investimento não demanda muitos recursos.
Raízes de Goiás
A ideia de revitalizar o espaço foi bem aceita por familiares do padre Antônio Vieira, um dos principais responsáveis pela construção da igreja de Ouro Fino. “Isso aqui é o início de Goiás, faz parte da cultura de goiana, mas está abandonado. Essa história precisa ser preservada. Quem passa na GO-070 não tem ideia de aquela estradinha de terra vai passar por onde começou o Estado. Agora, temos a expectativa de que se recupere isso aqui, e deixar alguma coisa escrita na história”, ressaltou a autônoma Wanessa Jubé.
Fabrício Amaral diz que já conseguiu sinalização de recursos federais no Ministério do Turismo, de R$ 1,5 milhão para este ano e de R$ 1,5 milhão para 2020, valores que devem ser investidos no Caminho de Cora Coralina, o que incluirá Arraial de Ouro Fino. O roteiro é inspirado na poetisa que dá nome ao percurso e mistura turismo, história, gastronomia, natureza e cultura. Passa por cinco cidades históricas, como Corumbá de Goiás, Pirenópolis, Itaberaí, Jaraguá e finaliza na cidade de Goiás. A rota inclui passagens por vários pontos turísticos, como cachoeira e parques.
Romaria de São Sebastião
Além de Ouro Fino, Caiado visitou outro espaço nos arredores, que no mês de setembro recebe um grande número de religiosos por conta da imagem de São Sebastião que está incrustada no alto de uma pedra. E são essas rochas, sombreadas por diversas árvores, que formam uma verdadeira igreja ao ar livre. O governador garantiu que irá buscar o proprietário da área para saber se pode incluir o espaço no Caminho de Cora. “São milhares de pessoas que vêm assistir à missa aqui. Temos um espaço certinho, um altar de pedras para que o padre possa rezar a missa. São alguns detalhes da beleza em tão pouco espaço: Ouro Fino, a romaria de São Sebastião e a cidade de Goiás. Tenho certeza que serão grandes pontos turísticos”, projetou.
Rio Vermelho
Já na cidade de Goiás, o governador Ronaldo Caiado visitou a estação da Saneago para verificar a situação hídrica e também discutiu sobre a canalização para que o esgoto de algumas residências não vá mais direto para o Rio Vermelho. “Goiás, por se patrimônio histórico da humanidade, tem que manter o tratamento da água e esgoto sob controle. Estamos verificando de que maneira o processo está e quais são os pontos críticos para podermos avançar e, cada vez mais, melhorar e assim possamos ter um Rio Vermelho despoluído”, contou.
Diretor de produção da Saneago, Wanir Medeiros acompanhou o governador na visita e mostrou os níveis dos reservatórios, que estão na normalidade. “Em Goiás, conseguimos reduzir a perda de 50% para 23% a água na distribuição”. Sobre o esgoto, o diretor explicou que a Saneago está fazendo um projeto para instalação de interceptor na rede, já que declividade do solo no município ainda permite que algumas residências dispensem o esgoto direto no rio. “Estamos trabalhando para, nos próximos meses, zerar esse lançamento no Rio Vermelho”, esclareceu.
Por último, o governador visitou uma obra inacabada no Rio Vermelho, mais conhecida como Cachoeira Grande, e que foi iniciada e abandona na gestão passada. O local, que era para ser um Centro de Convenções e um clube com uma área de alimentação para os moradores da região, mais parece ruínas. As obras estão totalmente inacabadas, com ferros expostos, e o que já foi construído está se degradando. “Essa é uma das obras do ex-governador Marconi Perillo. Como ela, temos outras 400 em Goiás na mesma situação”, sublinhou.
Na placa, a obra está orçada em quase R$ 6 milhões. “Na verdade, isso aqui serviu para desviar dinheiro para alguns no processo de campanha eleitoral. Temos várias situações como esta, de taperas inacabadas, construções largadas, tudo feito com dinheiro público. Por isso, o Estado vive toda essa situação difícil. Isso [situação de abandono], infelizmente, tomou conta de tudo aquilo que o governo anterior, do senhor Marconi Perillo, se propôs a fazer em Goiás”, afirmou Caiado. O resultado dessa prática, segundo o governador, é triste e fez com que uma das regiões mais lindas da cidade de Goiás fique em situação de ruínas. “Era muito mais para interesse do grupo político e para se enriquecer do que para trazer resultados para a população do Estado de Goiás.”
Escrito por: Redação