“Parece que o meu filho veio ao mundo para que eu pudesse ajudar outras pessoas.” A afirmação de Carmem Divina, mãe do cantor Leandro, que morreu há exatos 20 anos, vítima de câncer raro no pulmão, explica a dedicação integral à Casa de Apoio São Luiz. O local atende gratuitamente pacientes com a doença. Para ela, foi o grande legado deixado pelo filho. Foi a pedido dele que dona Carmem fundou a instituição que já atendeu mais de 10 mil pessoas.
Em cada rosto que passa pela clínica, a mãe do cantor diz enxergar um pouco do filho. “Cada carequinha que entra na nossa casa é como se fosse um Leandro”, ressaltou ao Jornal O Popular que pertencente ao Grupo Jaime Câmara. A instituição recebe pessoas de todo o País e sobrevive de doações. O lugar de conforto para os que sofrem foi a maneira que a família encontrou para aliviar o sofrimento, que tornou uma tristeza coletiva.
A morte de Leandro
O Brasil acordou em 23 de junho de 1998 com o anúncio da morte de Leandro que formava com o irmão, Leonardo, uma das duplas mais carismáticas. Cerca de 30 dias antes, o País já havia tomado um susto com a revelação de que Leandro sofria tipo de câncer raríssimo, conhecido como tumor de Askins, no pulmão direito. Foram dois meses de tratamento no Brasil e nos EUA. O primeiro sintoma foi uma dor aguda nas costas quando ele pescava.
“A gente nunca contou a verdade a ele. Os médicos contaram apenas para mim a gravidade do caso. Disseram que era o sétimo caso no mundo com tumor de Askins e que ele teria apenas 60 dias. Não passei essa conversa para ninguém. Nem para o Leandro, nem meus irmãos, nem minha mãe. Eu ia visitá-lo e tinha que chegar com o astral para cima”, recordou recentemente Leonardo, no programa Conversa com Bial.
A morte prematura de Leandro, aos 36 anos, no auge da carreira, foi o ponto final de história que parecia improvável. Dois irmãos goianos, pobres, moradores de Goianápolis, que trabalhavam em uma pequena plantação de tomates para ajudar os pais, chegaram ao sucesso, como Leandro & Leonardo, após muito tempo tocando na noite e festas. Foram 15 anos de carreira, 13 discos lançados, mais de 30 milhões de cópias vendidas e sucessos eternizados, o maior deles, Pense em Mim. A dupla invadiu TVs, rádios, jornais e revistas, que então torciam o nariz ao gênero.
“A importância de Leandro na música sertaneja é grande. Para mim, foi a segunda voz mais bonita, aveludada, muito bem casada com a voz do irmão. Interessante que assim que a dupla começou, apresentei o primeiro empresário a eles. Levei Leandro & Leonardo à minha casa, jantaram comigo. Na ocasião, os presenteei com uma canção, Teu Olhar. Fico feliz e honrada por isso”, lembrou Roberta Miranda ao POPULAR.
A morte de Leandro foi um duro golpe em Leonardo. Na época, ele cogitou abandonar a carreira, mas reuniu forças graças a fãs, família e amigos, e decidiu seguir projeto solo. A primeira apresentação após a morte do irmão foi no show Amigos, em 1998, quando mal conseguia cantar de tanta emoção. “Quando ele morreu, fui para a fazenda, foi um refúgio para mim. Passei oito meses sem pensar em cantar”, lembrou recentemente no programa Altas Horas.
O Brasil sofria junto com Leonardo em cada apresentação sem o parceiro. Durante os shows, Leandro aparecia em um telão pedindo para o público ser a segunda voz para o irmão. A notícia da morte de Leandro veio após um show que fazia na Bahia. “Preferia estar hoje na roça plantando tomate com meu irmão do que ter sucesso sem ele”, disse, certa vez.
Assistam a história
Escrito por: Redação/Fonte: Jornal O Popular
Fotos: Reprodução
