Escrito por: Portal G1
Juiz alegou que soltura ‘não representa uma ameaça à ordem pública’. Ela responde por homicídio após mulher morrer ao tentar aumentar bumbum.
A falsa biomédica Raquel Policena Rosa, de 27 anos, foi solta, na tarde desta segunda-feira (24), do 14º Distrito Policial de Goiânia, onde estava presa havia dez dias. Ela e o namorado, o professor de idiomas Fábio Justiniano Ribeiro, de 33, são acusados da morte da ajudante de leilão Maria José Medrado, de 39 anos, após uma aplicação para aumentar o bumbum.
O juiz Eduardo Pio Mascarenhas da Silva, da 1ª Vara Criminal de Goiânia, determinou a revogação da prisão nesta tarde, alegando que a soltura “não representa uma ameaça à ordem pública”. Raquel deixou a delegacia, por volta de 16h15, junto com o seu advogado, Ricardo Naves, e seguiu para Catalão, no sudeste de Goiás, onde mora. Fábio já respondia o processo em liberdade.
Raquel foi detida no último dia 13, em Catalão. Desde então, ela estava em uma cela do 14º Distrito Policial de Goiânia. A prisão foi pedida pela delegada Myrian Vidal, titular do 17º DP e responsável pelo caso. Ela diz que a falsa biomédica planejava voltar a realizar os procedimentos, mesmo sendo investigada.
“Ela [Raquel] teria dito a algumas mulheres que faria o retoque assim que a poeira abaixasse e que a mídia deixasse de falar do assunto”, disse a delegada, no dia da prisão.
Inquérito
Raquel e Fábio foram indiciados por quatro crimes na morte de Maria José: homicídio doloso com dolo eventual (quando se assume o risco de matar), exercício ilegal da profissão, lesão corporal e distribuição de produtos farmacêuticos sem procedência. O processo foi remetido ao Judiciário na sexta-feira (21), mesmo sem a conclusão dos laudos periciais e do Instituto Médico Legal (IML).
De acordo com a delegada Myrian Vidal, embora os laudos que comprovem a causa da morte da ajudante de leilões não tenham ficado prontos ainda, existem “indícios fortes” que comprovam que o óbito de Maria José foi provocado pelo procedimento. “Existem indícios de que a morte da Maria José está ligada à aplicação de hidrogel, que provocou a embolia pulmonar. Diversas outras vítimas da Raquel apresentam os mesmos sintomas relatados pela vítima”, explicou Vidal.
O homicídio foi considerado doloso, pois, segundo a responsável pelo caso, o casal assumiu o risco da morte de Maria José ao não aconselhar que ela procurasse um médico rapidamente ao começar a se sentir mal.
Morte
Maria José morreu no dia 25 de outubro, um dia depois de fazer a segunda aplicação de hidrogel no bumbum, em uma clínica de Goiânia. Após se sentir mal, ela foi internada no Hospital Jardim América, em Goiânia, e morreu na madrugada seguinte, com suspeita de embolia pulmonar.
Em áudios conseguidos com exclusividade pela TV Anhanguera, Maria relatou à Raquel que sentia dor no peito e falta de ar. É possível notar que a paciente estava ofegante e fraca, mas a responsável pela aplicação descartou riscos e orientou a vítima a comer “uma coisinha salgada”. Momentos depois, Maria José encaminhou uma mensagem escrita dizendo: “Tenho medo de AVC [Acidente Vascular Cerebral]. Minha mãe morreu cedo disso”.
Nesse momento, Raquel deu uma risada e descartou a possibilidade de paciente sofrer do problema. “AVC não dá falta de ar não. AVC é no cérebro, não dá falta de ar. Pode ficar tranquila. Você fuma? Alguma coisa assim? Você costuma praticar atividade física? Pode ficar tranquila que tem a ver com a tensão, não tem nada”, disse.