Escrito por: Portal G1
Raquel Policena afirmou à polícia que produto aplicado era hidrogel. Presa em Goiânia, ela prestou novo depoimento nesta segunda-feira.
Investigada pela morte de uma cliente, a falsa biomédica Raquel Policena Rosa, 27 anos, negou ter usado silicone industrial e afirmou à polícia que aplicou hidrogel nos procedimentos para aumento de bumbum. Presa no 14º Distrito Policial, em Goiânia, ela prestou novo depoimento na manhã desta segunda-feira (17). “Ela insiste que é o Aqualift [marca de hidrogel] e que teria comprado no meio da rua, em São Paulo”, disse a delegada Myrian Vidal, responsável pelo caso.
Baseada em especialistas, a delegada disse acreditar que Raquel usava silicone industrial, de acordo com depoimentos das clientes. “Temos relatos de que ela usava o hidrogel em tubos de 1 litro. No entanto, a marca que ela prometia, que era o Aqualift, é comercializado apenas com medidas de 1 ml a 100 ml”, destacou. O laudo que irá comprovar o material aplicado ainda não foi divulgado.
A empresa Rejuvene Medical, importadora e revendedora oficial do Aqualift no país, informou ao G1 que a licença do produto junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) expirou em março e que, enquanto a renovação está em andamento, o produto não é vendido. “É um processo longo, mas nesse período o Aqualift não está sendo comercializado. De qualquer forma, o produto só é vendido para médicos, com apresentação de registro e uma série de documentos. Nunca nas ruas”, disse a gerente da empresa, Marcela Gouveia.
Em uma nota divulgada no Facebook, a Rejuvene Medical ressalta que a comercialização só é feita para profissionais da área médica. “A empresa nunca comercializou o Aqualift Corporal para biomédicos ou qualquer outro profissional não médico, visto que o produto só pode ser vendido com a apresentação específica de toda documentação comprobatória”.
Clientes
De acordo com a delegada Myrian Vidal, Raquel mudou a versão do primeiro depoimento, quando disse ter feito aplicações em quatro clientes, e agora diz que fez o procedimento em dez pessoas. Mesmo assim, a polícia ainda acredita que esse número é maior. “Ainda não temos o número exato porque não temos a totalidade das vitimas ouvidas”, destacou a delegada.
Ainda segundo Myrian, a falsa biomédica voltou a negar a participação do namorado, Fábio Justiniano Ribeiro, 33, no procedimento realizado na ajudante de leilão Maria José Brandão, 39, que morreu no último dia 25, e disse não acreditar que a aplicação foi a causa da morte. “Ela acredita em uma má fé de todas essas clientes que teriam procurado a polícia e não comprovam que estão se sentindo mal”, relatou.
O advogado da falsa biomédica, Ricardo Naves, afirma que sua cliente se arrepende dos procedimentos. “Ela não foge da responsabilidade, assume que aplicou o produto, a questão é da consciência do risco, da nocividade e letalidade”, destacou. Segundo ele, já foi feito um pedido de habeas corpus e da revogação da prisão preventiva à Justiça.
Prisão
Raquel foi presa na noite de quinta-feira (13), em Catalão, onde mora. Depois de passar por exame de corpo delito no IML da cidade, ela foi encaminhada para Goiânia e permanece em uma cela do 14º Distrito Policial. A delegada explicou que pediu a prisão preventiva dela “para manter a ordem pública”.
“Ouvimos relatos de clientes que disseram que a Raquel prometeu que faria os retoques necessários assim que a ‘poeira baixasse’. Por isso, como forma de proteger a sociedade, pedimos a prisão”, disse.
A delegada explicou que, até o momento, quatro pessoas deverão ser indiciadas no inquérito. Além de Raquel, Fábio também deverá responder por exercício ilegal da profissão, homicídio doloso (com intenção), pela morte de Maria José, venda e uso de produto irregular e sem procedência e lesão corporal. “Não temos dúvidas da atuação do Fábio no caso da Maria José. Mas existem fotos que comprovam que ele estava presente durante outros procedimentos. Por isso, ele também será responsabilizado”, afirma Myrian.