Sávio Calaça, representante das comunidades rurais de Catalão, falou sobre os impactos das empresas mineradoras nas áreas próximas a cidade, em uma entrevista concedida para Rádio Cultura de Catalão. A entrevista revelou preocupações significativas relacionadas à água, à qualidade do ar e às condições de vida das comunidades afetadas.
O representante destacou que a ligação entre a população urbana de Catalão e a zona rural é histórica e intensa. “Toda a população de Catalão tem ligação com a área rural. Todos têm familiares que moram ou que moraram na região rural”, afirmou Calaça.
A agricultura familiar é um pilar fundamental para muitas famílias em Catalão. Para aqueles que residem na zona rural, a produtividade agrícola não é apenas uma fonte de sustento, mas também uma parte essencial da vida diária. “A questão da água é crucial. Muitas famílias vão para chácaras no final de semana para aproveitar um ambiente com abundância de água e uma temperatura agradável, para levar as crianças”, explicou Calaça. Este contato com a natureza e com a agricultura é uma parte vital da identidade e da qualidade de vida das pessoas da região.
A entrevista focou intensamente nos impactos das mineradoras, um tema de crescente preocupação nas comunidades rurais. Calaça revelou que o licenciamento das atividades mineradoras tem gerado grandes preocupações em toda nossa região, devido aos impactos diretos sobre a água e o meio ambiente. “A questão da água é um problema sério. As mineradoras estão criando pilhas de estéril que estão soterrando nascentes importantes”, explicou. Quem passa pela BR-050, pode observar nas duas laterais (esquerda – mina Boa Vista; direita – alto da Macaúba), que é a pilha de estéril, regiões que tinham muitas nascentes, com abundância de água. Ele mencionou que, atualmente, há planos para a construção de uma nova pilha de estéril que afetará 12 nascentes adicionais.
Além dos impactos na água, as mineradoras também causam problemas com poeira e poluição. “A poeira que vem das pilhas de estéril e do terminal é um grande incômodo. Em Coqueiros, a poeira é intensa e afeta a qualidade do ar”, afirmou Calaça. As comunidades locais, como Coqueiros, Mata Preta e Macaúba, estão particularmente preocupadas com os efeitos das detonações e dos caminhões que operam durante a noite, afetando não apenas a saúde, mas também a estrutura das casas e edifícios na região.
Sávio Calaça ressaltou que a luta contra os impactos das mineradoras é uma causa compartilhada por várias comunidades ao redor de Catalão. “Estamos lutando para proteger as comunidades mais impactadas, como Coqueiros, Mata Preta e Macaúba, além das áreas rurais próximas às mineradoras de Ouvidor”, disse Calaça. Por fim, ele encerrou a entrevista ressaltando a necessidade de um engajamento mais amplo, solicitando a ajuda da população e das autoridades para minimizar os impactos e proteger a qualidade de vida na região.
Escrito e publicado por: Maria Eduarda Furtado – Estagiária do Curso de Letras Português e Inglês da UFCAT.
