Escrito por: O popular
Foram 12 dias desde que ela foi detida, na tarde de 13 de novembro, até por volta das 16 horas de ontem, quando a prisão foi revogada pela Poder Judiciário. No escritório do advogado Ricardo Naves, no Setor Sul, onde conversou por mais de 30 minutos com o POPULAR, logo após ter deixado a cela do 14º Distrito Policial (DP), na Vila Pedroso, Raquel Policena Rosa, de 27 anos, afirmou estar arrependida dos procedimentos estéticos realizados em Catalão e Goiânia, que resultaram em indiciamento por homicídio com dolo eventual – entre três outros crimes – no inquérito sobre a morte da auxiliar de leilões Maria José Medrado de Souza Brandão, de 39 anos, há exato um mês.
O tempo na cadeia e a enorme repercussão do caso, contudo, não abalaram a vaidade da jovem, que preocupou-se durante a entrevista em apresentar-se bem para as fotos e não negou ter se submetido, ela própria, a aplicações para preenchimento dos glúteos para sentir-se mais bonita. “Que mulher não quer um bumbum bonito e durinho? Ah, eu sou vaidosa, sim, e fiz essa mesma aplicação em mim, por duas vezes. Se quiser, posso mostrar como ficou e você vai ver a marca do furinho, que ainda está aí”, sugeriu, referindo-se aos resultados, nela mesma, do mesmo produto que ela garante ter aplicado em Maria José. “Se eu soubesse que faria mal, que poderia matar, você acha que eu teria aplicado em mim, e duas vezes?”, argumentou.
A reportagem conferiu. Depois da longa conversa, já na hora da despedida, ali mesmo, na sala de reuniões, na presença – mas não na frente – do advogado Tadeu Bastos Roriz e do fotógrafo Ricardo Rafael. Raquel ergueu a parte de trás do vestido preto curto e mostrou o bumbum: “Aperta para ver como ficou durinho… Não está bonito?”, perguntou, orgulhosa, emendando que não teria feito o procedimento em suas clientes sem antes experimentá-lo em si mesma e se certificar do resultado final. “Já propusemos fazer uma análise do produto que apliquei aqui e do que apliquei na Maria José. É o mesmo; tudo igual. Eu não tive a intenção de matá-la, não sou esse monstro que estão dizendo que eu sou”, desabafou, ao lembrar o pedido dos advogados que a representam para que conste do processo um laudo técnico de comparação entre as duas substâncias.
Apesar dos mais de dez dias na cadeia, Raquel estava arrumada – embora tenha feito questão de chamar a atenção para o quanto estava abatida. Sem maquiagem – o que a incomodava um pouco -, o rosto ostentava óculos de grau de grife, da marca Vogue. Os cabelos, compridos, amarrados em um rabo de cavalo, não tinham mais o aplique “para dar volume” – a jovem informou tê-lo doado para pacientes com câncer. As unhas das mãos, curtas, estavam bem feitas, pintadas com um esmalte claro, cobertos com um toque de glitter. Nos pés – também esmaltados -, uma sandália rasteira com pedras, compondo com o pretinho nem tão básico assim – com detalhe em tule transparente nas costas e no decote -, curto, deixando à mostra as pernas torneadas.
“CIRCO”
“Isso tudo virou um circo! Minha vida deu uma reviravolta enorme, eu estou sofrendo, minha família está sofrendo. Tenho um sobrinho que me tem como mãe; ele está sendo apontado na escola. Dizem: ‘Sua tia matou uma mulher’. Não sou uma assassina, não sou um monstro ”, repetiu Raquel Rosa. “Por que não mostram a Raquel que eu sou de verdade?”, lamentou a jovem, que, do escritório dos advogados, em Goiânia, seguiu, por volta das 18h30, para Catalão, cidade onde vive e é bastante conhecida, distante cerca de 250 quilômetros da capital. “Só quero estar com a minha família, na minha casa. Se eu pudesse voltar no tempo, teria feito tudo diferente.”
Daqui para a frente, Raquel garante que não quer mais atuar na área da estética – para a qual diz ter formação em cursos livres. Também não deve retomar a venda de semi-jóias que fazia antes. “Procedimentos estéticos, nunca mais! Quero voltar para o meu curso de Arquitetura e Urbanismo (abandonado depois de concluir o primeiro período, em Uberlândia) e seguir com a minha vida”, sublinha, dizendo estar ciente das acusações que pesam sobre ela, mas ter “fé em Deus” para enfrentar tudo.
O rosto da jovem se ilumina quando perguntada a respeito do relacionamento com o professor de línguas Fábio Justiniano Ribeiro, de 33 anos, também indiciado no inquérito sobre a morte de Maria José.