O primeiro nome de Ouvidor foi Catuaba. Os moradores antigos de Catalão costumavam colher a planta, naquela localidade, para fazer misturas e infusões, na ânsia de conservar a virilidade. Ouvidor é uma cidade nova, a filha mais próxima de Catalão, tão próxima que logo irá se confundir com nossos bairros mais distantes.
Antigamente, antes de existir a estrada de ferro da Rede Mineira de Viação, que fazia o percurso até Belo Horizonte (Catalão – Ouvidor – Três Ranchos – Patrocínio – Divinópolis), praticamente não existia nada naquele planalto onde hoje está Ouvidor. Tinha apenas um vasto cerrado, coberto pela variedade de uma planta chamada Catuaba. Por isso, o primeiro nome de Ouvidor foi Catuaba.
Antes de existir a cidade, o local era quase todo ocupado por essa planta nativa. Tanto que, quando surgiram os primeiros moradores, o arraial passou a ser conhecido por Catuaba, uma planta medicinal, afrodisíaca, usada em bebidas, infusões e engarrafada, com vinho ou cachaça, pelos antigos coronéis e moradores de nossa região. Os mais velhos diziam que a catuaba conservava a virilidade sexual até o fim da vida.
Quando teve início a exploração do terreno para assentamento dos trilhos da estrada de ferro, leito entre Catalão e o rio Paranaíba, o povoado de Catuaba ganhou a estação ferroviária. Mas, os moradores não quiseram o nome Catuaba escrito na estação. O próprio Major Irineu Francisco do Nascimento Pereira, dono da fazenda onde foi construída, preferia outro nome.
Quem sabe, considerava Catuaba um nome pejorativo ou inadequado. Por isso, a chefia da Rede Ferroviária optou pelo nome de um pequeno rio próximo que, nos mapas antigos do século do ouro, havia sido batizado de Ribeirão Ouvidor.
Como resultado, o Ouvidor do Ribeirão virou estação ferroviária e, de estação acabou virando cidade. Foram esquecendo do nome Catuaba. Ou não, porque até hoje existem muitos vestígios de catuaba no planalto próximo ao ribeirão. Sinal de virilidade, ou melhor, de vitalidade da planta.
Os pioneiros de Ouvidor deixaram muitos descendentes. Lá residem as famílias do Major Irineu Pereira, do Querubino Ribeiro, do Eliseu da Silva, do José Ramos, do Antônio Torquato, do Vigilato Evangelista Ferreira, do Francisco de Assis, do Homero Pereira de Assis e do João Galdino Pereira.
A cidade está completando neste dia 19 de outubro de 2022, 69 anos de emancipação política. Com as explorações de nióbio e fosfato no município, Ouvidor alcançou um privilegiado patamar em termos de renda per capita. Hoje, com uma população em torno de sete mil habitantes, é uma das cidades mais bem servidas pelo poder público municipal do país.
Observação: o texto são acima são às páginas 319 e 320 do livro Catalão – Fragmentos do Passado de Luís Estevam.
Publicado por: Badiinho Moisés/Texto: Luís Estavam – Presidente da Academia de Letras Catalão/Doutor – Jornalista e Historiador