Escrito por: Badiinho Filho/Diário de Goiás
Fotos: Reprodução
Em recente entrevista concedida ao jornal eletrônico Diário de Goiás, o ex-governador e ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela (PMDB), afirmou com convicção que o seu filho, o deputado federal Daniel Vilela (PMDB), trabalha sua candidatura ao governo de Goiás, ao pronunciar a seguinte frase; “O PMDB, hoje, tem candidato, e ele é Daniel Vilela.”
Dentro da entrevista conduzida pelos jornalistas Altair Tavares e Vassil Oliveira, Maguito também disse; “Tem que acabar com esse negócio de Iris e Maguito, Maguito e Iris.” Frase muito polêmica emblemática, mas para o político, não se trata de um sentimento de rebeldia, mas de desejo de renovação; não necessariamente contra ambos, mas de avaliação de que o papel deles agora deve ser outro.
Confiram os principais trechos da entrevistas ao Diário de Goiás
Maguito falou com franqueza sobre vários pontos nublados no debate em Goiás. Clareou.
Uma frase emblemática, que surge já no início:
“Tem que acabar com esse negócio de Iris e Maguito, Maguito e Iris.”
Maguito verbaliza o que pensam, e falam em conversas informais, os peemedebistas. É o sentimento.
Não um sentimento de rebeldia, mas de desejo de renovação; não necessariamente contra ambos, mas de avaliação de que o papel deles agora deve ser outro.
Maguito parece entender isso. Cuida de contextualizar, dizendo que até agora os dois têm sido candidatos porque não surgem outros nomes; acabam sendo chamados. É uma discussão em aberto, mas em rodas de bar.
Para o PMDB de olho em 2018, o que importa é a frase e o seu simbolismo.
Com ela, Maguito diz o que o partido quer ouvir e abre caminho para seu filho, Daniel Vilela, que está em campanha assumida para o governo.
E este é outro ponto importante da entrevista.
Uma avaliação na oposição (que quer ver o circo pegar fogo), mas também no PMDB, é que vai dar problema lá na frente entre Daniel e Maguito.
Na oposição, o clima é até de torcida.
Na visão geral, Maguito estaria, como Daniel, em campanha acelerada para se viabilizar como candidato a governador.
O que disse Maguito ao DG:
“O PMDB, hoje, tem candidato, e ele é Daniel Vilela.”
“Eu, como pai, como vou concorrer com meu filho?”
“Eu já tive minhas oportunidades.”
Frases diretas, mensagem sem meias palavras. Falou até que está montando escritório de advocacia e não será candidato a nada ano que vem.
A lógica na ponderação de que, como pai, não enfrentaria o filho é forte o suficiente para que os peemedebistas não tenham mais dúvida de que o partido já tem um candidato.
Falta trabalhar esse nome. Unir-se em torno dele. Fazer acontecer.
E acrescente-se outra observação, que aponta para a unidade interna – e isso importa, porque o PMDB é um partido dividido há muitos anos.
“(Iris) É o maior líder do nosso partido. Ele vai ter um papel muito importante nas eleições e tantas outras que quiser participar. O Daniel não tem que confrontar com Iris, tem que ajudar.”
O que falta? Daniel buscar Iris, deixa entrever Maguito.
O “não tem que confrontar”, “tem que ajudar” é para ser ouvido como conselho de pai para filho. A senha para somar, em vez de atacar, dividir.
Ajudar Iris na prefeitura; ajudar a si próprio na construção da pacificação partidária.
E como fica Ronaldo Caiado (DEM) nessa história, já que Caiado espera o apoio do PMDB para sua candidatura ao governo?
Maguito dá o norte, que se parece muito com a posição de Iris, várias vezes verbalizada: é legítima a candidatura de Caiado, mas o PMDB terá inevitavelmente candidato.
O nó: para Maguito, Caiado candidato sozinho é “aventura”.
Logo, indica o peemedebista, só há um caminho para o democrata: fechar com Daniel.
Dois outros pontos merecem menção destacada, pela importância no jogo político.
Maguito lança o goiano e atual ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, como seu candidato a presidente da República.
“Vou defender a candidatura de Meirelles para a Presidência”, diz, literalmente.
“O país precisa se redesenhar na economia”, define. Sim, depende da economia.
Por fim, Maguito acena para o governador Marconi Perillo (PSDB), em vez de alimentar a guerra de décadas.
Diz claramente que não teria problema em apoiar um projeto nacional do tucano.
Na pergunta de um ouvinte sobre um possível apoio de Marconi a Daniel para o governo, Maguito deixa claro: não seria contra.
Maguito e Marconi sempre tiveram boa relação. Daniel, pelo contrário, é oposição assumido. Mas, Maguito dá o recado, não há nada impossível.
E aqui entra o ambiente de ‘barata voa’ nas conversações políticas em Goiás, neste momento.
Maguito assume que o PMDB está conversando com partidos aliados do governo.
“Tem partido da base (do governo) querendo conversar”, diz.
Ele cita com ênfase o PSD de Vilmar Rocha. Mas também cita Jovair Arantes (PTB), Magda Mofatto (PR) e a senadora Lúcia Vânia (PSB). Jovair mais que os outros.
Todos estão em litígio com o governador. Todos podem ser aliados do PMDB. Na liquidez da base marconista está a semente de uma possível nova base político-eleitoral. Depende.
Em contrapartida, Maguito adverte o PMDB: o partido perdeu eleições porque não fez alianças corretas, necessárias. Precisa fazer, afirma.
Exemplo mais evidente em sua memória: em 2002, ele queria aliança com o PT, e foi impedido por peemedebistas. Credita a isso sua derrota para Marconi na época.
Isso quer dizer que vamos continuar ouvindo muito sobre Marconi apoiar PMDB, base aliada se desfazendo, PMDB e Caiado ficando mas não se casando. E outras novidades, porque elas sempre surgem.