Um caminho que vai além da distância
Nem todo caminho precisa ser fácil para ser bonito. Na última quinta-feira, 17 de abril, Lucas Machado acompanhou com sua câmera mais do que um simples movimento de pessoas: ele registrou uma verdadeira demonstração de fé, resistência e gratidão. Grupos de romeiros deixaram a cidade de Catalão, em Goiás, rumo a Vazante, Minas Gerais — em uma caminhada de aproximadamente 170 km a pé. Um trajeto árduo, repleto de calor, poeira, bolhas nos pés e promessas no coração.
A ligação histórica entre Catalão e a Festa da Lapa

Essa peregrinação faz parte da vida religiosa dos catalanos há décadas. A devoção a Nossa Senhora da Lapa atravessa gerações e cria um vínculo especial entre Catalão e Vazante. Muitas famílias mantêm essa tradição viva, caminhando ano após ano para agradecer por graças alcançadas ou renovar promessas feitas à padroeira.
Assim, não se trata apenas de uma romaria. É uma herança espiritual que se renova a cada passo, consolidando a relação entre as duas cidades por meio da fé.
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Fé em cada passo e nos detalhes do caminho

São devotos que seguem movidos por suas promessas. Gente simples, gente de fé. A maioria carrega no olhar o peso da caminhada e a leveza da esperança. A devoção que os move é algo que não se explica com palavras — por isso, meu papel como fotógrafo é tentar mostrar, em imagens, o que pulsa dentro dessas pessoas.
Um dos grupos que fotografei saiu sob a bênção do ministro da palavra João Batista — meu pai, um grande devoto de Nossa Senhora da Lapa — da Paróquia Nossa Senhora Mãe de Deus, em Catalão. Foi um momento marcante para mim. Ver meu pai abençoando os romeiros, enquanto eu registrava tudo com minha câmera, me lembrou que a fé também se transmite pelos gestos mais simples.
Romaria marcada por superação e coragem
Além desse grupo, acompanhei outros dois que também saíram na manhã de quinta-feira. A previsão é que cheguem a Vazante entre domingo e segunda-feira. O caminho é exigente, mas todos seguem firmes, levando nas mochilas mantimentos, roupas simples e uma fé imensa. São famílias inteiras, amigos e grupos organizados que carregam, além da bagagem, histórias de superação.
Durante o trajeto, enfrentam sol, cansaço, sede e até dores físicas. No entanto, nada disso é maior que a fé que os impulsiona.
A missão de documentar o invisível
Como fotógrafo documental, o objetivo de Lucas Machado é ir além do registro do momento. Ele busca capturar o espírito da jornada, o sentimento presente em cada passo desses peregrinos. “A cada clique, me sinto parte dessa caminhada. Mesmo que não esteja fisicamente na estrada com eles, sigo junto em alma e propósito”, declarou.
O início de um projeto inspirado pela fé
Com esses registros, Lucas Machado deu início a um novo projeto que já pulsa nele há algum tempo: um livro fotográfico sobre a fé que move caminhos. A peregrinação até a Festa da Lapa será o primeiro capítulo dessa jornada — um capítulo escrito com passos, promessas e imagens.
Ainda há muito a ser vivido, ouvido e fotografado. No entanto, Lucas Machado sabe que esse início carrega a força e a essência do que virá. “A fé dos romeiros é o fio condutor — e eu sigo com eles, com a câmera no peito e o coração aberto”, disse Lucas ao Badiinho.
Mais que um destino, uma experiência espiritual
A Festa da Lapa, celebrada em Vazante nos dias 1º, 2 e 3 de maio, é o ponto final dessa caminhada. Porém, o verdadeiro milagre acontece no caminho — um caminho que liga Catalão a Vazante não só por estradas, mas por devoção, esperança e fé que se renovam a cada ano.
Vejam as fotos nas lentes de Lucas Machado: