Escrito por: Jornal O Hoje
Foto: Reprodução Facebook/Paulo José
Com a presença de advogados, o vigilante Tiago Henrique Gomes, de 26 anos, preso na semana passada pela Polícia Civil por ser suspeito de assassinatos em série, mudou o depoimento durante o segundo interrogatório. Após a prisão, o suposto serial killer teria confessado 39 homicídios. Em novo depoimento, Tiago assume apenas 29 dos crimes.
Segundo informações de Murilo Polati, delegado titular da Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH), o suposto serial killer negou 5 dos assassinatos confessados anteriormente e não quis se manifestar sobre outros 4, entre eles a morte do casal Mateus Henrique Rodrigues de Moraes, 13 anos, e Karine dos Santos Faria, 15.
Os jovens foram assassinados no dia 28 de julho depois de saírem de uma igreja, no Setor Leste Universitário. O ex-namorado de Karine, um adolescente de 16 anos, foi apreendido em Goianira, suspeito do crime.
Ainda de acordo com Polati, dos 39 casos que Tiago teria confessado durante o primeiro depoimento, um teria sido citado pelo suspeito duas vezes. Além disso, após o interrogatório, a polícia descobriu que uma das vítimas apontadas pelo assassino, Wilmar Rodrigues de Sousa, e que o vigilante acreditava ter matado, na verdade está viva.
Wilmar teria sido baleado por um motociclista no dia 14 de janeiro de 2013, na rua 24 de Outubro com a Avenida Anhanguera. Ele foi encaminhado ao hospital, passou um tempo em coma, mas resistiu ao ferimento. Após ficar sabendo do fato, Tiago Henrique negou o crime.
Mesmo com a mudança de depoimento, a polícia deverá investigar todos os crimes confessados no primeiro depoimento. “Ele foi instruído pela defesa. É normal que não assumisse todos os crimes, mas a polícia trabalha com todas as situações e vai investigar se ele é responsável pelos casos ou se quis assumir para ser um serial com mais mortes”, diz Polati.
“Não descartamos a possibilidade de ele ter assumido mais mortes pra se promover, por ser uma pessoa vaidosa”, completa. De acordo com o delegado, até o momento nenhum inquérito foi concluído.
Nova vítima
O assassino teria confessado, de maneira informal, pouco antes de ser transferido para o Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na manhã dessa quarta-feira (22), o assassinato de mais uma pessoa.
A vítima seria Rafael Carvalho Gonçalves, 22 anos. O jovem teria morrido após ser baleado por um motociclista no dia 16 de fevereiro de 2013, no Setor Fama. Um amigo de Rafael, que estava com o rapaz no momento do crime, reconheceu Tiago como o autor do homicídio.
De acordo com a testemunha, que preferiu não ser identificado, ele e Rafael voltavam da faculdade quando foram abordados pelo suspeito na esquina da Avenida Bernado Sayão com a Avenida Senador Jaime.
“Ele anunciou o assalto, pediu o celular e a carteira. Nós entregamos, mas ele devolveu os objetos. Por um momento eu pensei que ele nos deixaria ir embora, só que ele atirou contra o peito do meu amigo e fugiu”, conta o amigo da vítima.
“Com a semelhança com o modo que ele agia nos casos das mulheres e após ele ser preso, eu reconheci os olhos dele, o queixo, a maneira curvada da postura”, completa a testemunha.
De acordo com Polati, todos os crimes cometidos de forma semelhante, incluindo o de Rafael, serão investigados. “Há outros crimes, incluindo roubos e tentativas de assassinatos que são similares e que serão investigados para verificar se há ligação”, diz o delegado.
Exame psicológico será feito pelo Judiciário
No segundo interrogatório, entres as 29 mortes confessadas por Tiago, quatro seriam de moradores de rua. No primeiro depoimento, o serial killer admitiu ter assassinado sete pessoas em situação de rua. Agora, negou duas mortes e não quis falar sobre uma delas.
Dos 18 casos investigados pela Polícia Civil, sendo três tentativas de homicídios e 15 mortes – 14 mulheres e um homem – duas tentativas foram descartadas pela polícia e o suspeito negou participação na terceira. Os 15 homicídios foram confessados por Tiago em ambos os depoimentos.
De acordo com o delegado Murilo Polati, até o momento, mesmo sem a remessa dos laudos, as balísticas confirmam a autoria dos oito assassinatos.
Conforme ele, o exame psicológico que seria realizado pelo psicólogo criminal da Polícia Técnico-Científica, Leonardo Faria, na manhã de ontem, não foi realizado por dois motivos. “O psicólogo oficial do IML também faz parte da equipe da junta médica do Poder Judiciário e não poderia se manifestar isoladamente numa situação aqui e depois em grupo, em um pedido de sanidade mental, já que nós acreditamos que é isso que a defesa vai solicitar. Então, deixou-se o exame para o Judiciário. E, também, junto ao Ministério Público (MP), a polícia decidiu não produzir qualquer tipo de prova que possa ser questionada em juízo”, explica Polati.
“De todo modo, a Polícia Civil trata Tiago como uma pessoa imputável, ou seja, ele sabia o que estava fazendo. Ele é uma pessoa fria, meticulosa e vaidosa”, conclui o delegado.