Escrito por: Portal G1
Imagens do circuito interno de um hotel no Setor Oeste, em Goiânia, divulgadas pela polícia na manhã desta sexta-feira (7), mostram o momento em que a ajudante de leilão Maria José Medrado de Souza Brandão, 39 anos, morta no último dia 25, foi recebida por Raquel Policena Rosa, de 27, para a primeira aplicação de hidrogel . A mulher ficou hospedada no local por três dias e aparece circulando com o namorado, identificado como Fábio, antes do procedimento.
Um dos vídeos, gravado no dia 12 de outubro, mostram Raquel o Fábio saindo do quarto às 7h06 e chamando o elevador. Minutos depois, ele tropeça no pé dela e abaixa para arrumar o sapato da namorada. Depois disso, ao longo do dia, os dois saíram e entraram diversas vezes.
Por volta das 19h10, Raquel, que usava um vestido preto, vai em direção ao elevador. Em seguida, às 19h24, Maria José e o filho entram no quarto. Após quase duas horas, às 21h18, a ajudante de leilão e o filho deixam o local e é possível perceber que eles mantêm uma conversa.
Raquel disse em depoimento, na última segunda-feira (3), que só fez aplicações de hidrogel em quatro clientes, dentre elas Maria José. Em um primeiro momento, o procedimento foi realizado no hotel. Dias depois, as mesmas pacientes realizaram retoques com ela em uma clínica estética.
No entanto, a polícia analisa as imagens para ver se outras mulheres fizeram aplicações no local em que a suspeita estava hospedada.
Namorado
O depoimento de Fábio estava previsto para a manhã desta sexta-feira (07), mas, segundo a delegada Myrian Vidal, o advogado pediu um prazo maior para que ele se apresente, o que deve acontecer na próxima semana.
O rapaz passou a ser investigado pela polícia após ter o nome mencionado em gravações de áudio obtidas no celular de Maria José. Segundo a Polícia Civil, ele é professor de línguas estrangeiras e não tem qualquer formação na área estética ou de saúde, mas participou das aplicações de hidrogel feitas na vítima.
No depoimento, Raquel negou qualquer participação do namorado na aplicação de hidrogel feita em Maria José. “Segundo a autora, ele participou apenas no primeiro momento, e teria ido massagear um dos glúteos dela, visando espalhar melhor o líquido que ela já havia injetado”, relatou Miryan.
No entanto, nos áudios analisados pela investigação, Raquel tenta acalmar a vítima e diz que o inchaço que ela estava sentindo em uma das nádegas iria sumir. “Fica tranquila, ele vai assentar, vai ficar por igual os dois lados. É assim mesmo, porque a minha mão é mais pesada que a do Fábio [namorado] e a minha massagem é um pouco mais forte, um pouco mais intensa. É por isso que tá [sic] mais inchado. Mas pode ficar tranquila. Quando o produto assentar, daqui a três dias, você vai ver que os dois lados vão ficar iguais”.
Para a delegada, a declaração contradiz o depoimento do filho de Maria José, que afirmou ter visto o rapaz aplicando o hidrogel em uma das nádegas de sua mãe. “Se confirmada a participação dele, e eu acredito que está bastante forte isso nos autos, ele responderia por homicídio culposo, já que na segunda conduta da Raquel, ele não teria participado, ou seja, ele sequer sabia que a mulher estava pedindo ajuda”, afirmou a delegada.
A delegada diz que nas conversas entre Raquel e a paciente ficou constatado que o socorro demorou a ser prestado e, por isso, ela deve responder por homicídio doloso, quando há intenção de matar. Além disso, tanto ela quanto o namorado podem responder por exercício ilegal da medicina.
